quarta-feira, 11 de junho de 2008

Propaganda segundo Hitler

Primeira Parte do Minha Luta

CAPÍTULO VI - A PROPAGANDA DA GUERRA

Observador cuidadoso dos acontecimentos políticos, sempre me interessou vivamente a maneira por que se fazia a propaganda da guerra. Eu via nessa propaganda um instrumento manejado, com grande habilidade, justamente pelas organizações sociais comunistas. Compreendi, desde logo, que a aplicação adequada de uma propaganda é uma verdadeira arte, quase que inteiramente desconhecida dos partidos burgueses. somente o movimento cristão social, sobretudo na época de Lueger, aplicou este instrumento com grande eficiência e a isso se devem muitos dos seus triunfos.
A que resultados formidáveis uma propaganda adequada pode conduzir, a guerra já nos tinha mostrado. Infelizmente tudo tinha de ser aprendido com o inimigo, pois a atividade, do nosso lado, nesse sentido, foi mais do que modesta. Justamente o insucesso total do plano de esclarecimento do povo do lado alemão, foi para mim um motivo para me ocupar mais particularmente da questão de propaganda.
Não nos faltava oportunidade para pensar sobre essa questão. Infelizmente as lições práticas eram fornecidas pelo inimigo e custaram-nos caro. O adversário aproveitou, com inaudita habilidade e cálculo verdadeiramente genial, aquilo de que nos havíamos descuidado. Aprendi imensamente nessa propaganda de guerra feita pelo inimigo. Aqueles que da mesma se deviam ter servido, como lição eficiente, deixaram-na passar despercebida; julgavam-se espertos demais para aprender dos outros. Por outro lado, não havia vontade honesta para tal.
Haveria entre nós uma propaganda?
Infelizmente, só posso responder pela negativa. Tudo o que, na realidade, foi tentado nesse sentido era tão inadequado e errôneo, desde o princípio, que em nada adiantava. Às vezes era até prejudicial. Examinando atentamente o resultado da propaganda de guerra alemã, chegava-se à conclusão de que ela era insuficiente na forma e psicologicamente errada, na essência.
Começava-se por não se saber claramente se a propaganda era um meio ou um fim.
Ela é um meio e, como tal, deve ser julgada do ponto de vista da sua finalidade. A forma a tomar deve consentir no meio mais prático de chegar ao fim que se colima. É também claro que a importância do objetivo que se tem em vista pode se apresentar sob vários aspectos, tendo-se em vista o interesses social, e que, portanto, a propaganda pode variar no seu valor intrínseco. A finalidade pela qual se lutava durante a guerra era a mais elevada e formidável que se pode imaginar. Tratava-se da liberdade e da independência de nosso povo, da garantia da vida, do futuro e, em uma palavra, da honra da nação. Estávamos em face de uma questão que, não obstante opiniões divergentes de muitos, ainda existe ou melhor deve existir, pois os povos sem honra costumam perder a liberdade e a independência, mais tarde ou mais cedo. Isso, por sua vez, corresponde a uma justiça mais elevada, pois gerações de vagabundos sem honra não merecem a liberdade. Aquele, porém, que quiser ser escravo covarde não deve ter o sentimento de honra, pois, do contrário, esta cairia muito rapidamente no desprezo geral.
O povo alemão lutava por sua existência e o fim da propaganda da guerra devia ser o de apoiar essa luta. Levá-la à vitória, eis o seu objetivo.
Quando, porém, os povos lutam neste planeta por sua existência, quando se trata de uma questão de ser ou não ser, caem por terra todas as considerações de humanidade ou de estética, pois todas essas idéias não estão no ambiente, mas originam-se na fantasia dos homens e a ela estão presas. Com a sua partida desse mundo desaparecem também essas idéias, pois a natureza não as conhece. Mesmo entre os homens, elas só são próprias a alguns povos ou melhor a certas raças, na medida que elas provém do sentimento desses mesmos povos ou raças. O sentimento humanitário e estético desapareceria, até mesmo de um mundo habitado, uma vez que este perdesse as raças criadoras e portadoras dessa idéia.
Todas essas idéias têm uma significação secundária na luta de um povo pela sua existência, chegam mesmo a desaparecer, uma vez que possam contrariar o seu instinto de conservação.
Quanto à questão do sentimento de humanidade já Moltke afirmava que ele residia no processo sumário da guerra, e que, portanto, a maneira mais incisiva de combate, é a que conduz a esse fim.
Aqueles que procuram argumentar nesses assuntos com palavras, tais como estética, etc., pode-se responder da seguinte maneira: As questões vitais da importância da luta pela vida de um povo anulam todas as considerações de ordem estética. A maior fealdade na vida humana é e será. sempre o jugo da escravidão. Será possível que esses decadentes considerem "estética" a sorte atual do povo alemão? É verdade que, com os judeus, que são os inventores modernos dessa cultura perfumada, não se deve discutir sobre esses assuntos. Toda a sua existência é um protesto vivo contra a estética da imagem do Criador.
Se, na luta, esses pontos de humanidade e beleza são excluídos, eles também não poderão servir de orientação para a propaganda.
A propaganda durante a guerra era um meio para um determinado fim, e esse fim era a luta pela existência do povo alemão. Portanto, a propaganda só poderia ser encarada sob o ponto de vista de princípios conducentes àquele objetivo.
As armas mais terríveis seriam humanas, desde que conduzissem a vitória mais rapidamente. Belos seriam somente os métodos que ajudassem a assegurar a dignidade à Nação: a dignidade da liberdade. Essa era a única atitude possível na questão da propaganda de guerra, numa luta de vida e de morte.
Fossem esses pontos conhecidos daqueles que os deviam conhecer, nunca se teriam verificado vacilações quanto à forma e aplicação dessa arma verdadeiramente terrível na mão de um conhecedor.
A segunda questão de importância decisiva era a seguinte: a quem se deve dirigir a propaganda, aos intelectuais ou à massa menos culta? A. propaganda sempre terá de ser dirigida à massa!
Para os intelectuais, ou para aqueles que, hoje, infelizmente assim se consideram, não se deve tratar de propaganda e sim de instrução científica. A propaganda, porém, por si mesma, é tão pouco ciência quanto um cartaz é arte, considerado pelo seu lado de apresentação. A arte de um cartaz consiste na capacidade de seu autor de, por meio da forma e das cores, chamar a atenção da massa. O cartaz de uma exposição de arte só tem em vista chamar a atenção sobre a arte da exposição; quanto mais ele consegue esse desideratum tanto maior é a arte do dito cartaz. Além disso, o cartaz deve transmitir à massa uma idéia da importância da exposição, nunca, porém, deverá ser um sucedâneo da arte que se procura oferecer. Assim, quem desejar se ocupar da arte mesma, terá de estudar mais do que o próprio cartaz, e não lhe bastará por exemplo, um simples passeio pela exposição. Dele se espera que se aprofunde nas várias obras, observando-as com todo cuidado, acabando por fazer delas um juízo justo.
Semelhantes são as condições do que hoje designamos pela palavra propaganda.
O fim da propaganda não é a educação científica de cada um, e sim chamar a atenção da massa sobre determinados fatos, necessidades, etc., cuja importância só assim cai no círculo visual da massa.
A arte está exclusivamente em fazer isso de uma maneira tão perfeita que provoque a convicção da realidade de um fato, da necessidade de um processo, e da justeza de algo necessário, etc. Como ela não é e não pode ser uma necessidade em si, como a sua finalidade, assim como no caso do cartaz, é a de despertar a atenção da massa e não ensinar aos cultos ou àqueles que procuram cultivar seu espírito, a sua ação deve ser cada vez mais dirigida para o sentimento e só muito condicionalmente para a chamada razão.
Toda propaganda deve ser popular e estabelecer o seu nível espiritual de acordo com a capacidade de compreensão do mais ignorante dentre aqueles a quem ela pretende se dirigir. Assim a sua elevação espiritual deverá ser mantida tanto mais baixa quanto maior for a massa humana que ela deverá abranger. Tratando-se, como no caso da propaganda da manutenção de uma guerra, de atrair ao seu círculo de atividade um povo inteiro, deve se proceder com o máximo cuidado, a fim de evitar concepções intelectuais demasiadamente elevadas.
Quanto mais modesto for o seu lastro científico e quanto mais ela levar em consideração o sentimento da massa, tanto maior será o sucesso. Este, porém, é a melhor prova da justeza ou erro de uma propaganda, e não a satisfação às exigências de alguns sábios ou jovens estetas. A arte da propaganda reside justamente na compreensão da mentalidade e dos sentimentos da grande massa. Ela encontra, por forma psicologicamente certa, o caminho para a atenção e para o coração do povo. Que os nossos sabidos não compreendam isso, a causa está na sua preguiça mental ou no seu orgulho. Compreendendo-se, a necessidade da conquista da - grande massa, pela propaganda, segue-se daí a seguinte doutrina: É errado querer dar à propaganda a variedade, por exemplo, do ensino científico.
A capacidade de compreensão do povo é muito limitada, mas, em compensação, a capacidade de esquecer é grande. Assim sendo, a propaganda deve-se restringir a poucos pontos. E esses deverão ser valorizados como estribilhos, até que o último indivíduo consiga saber exatamente o que representa esse estribilho. Sacrificando esse princípio em favor da variedade, provoca-se uma atividade dispersiva, pois a multidão não consegue nem digerir nem guardar o assunto tratado. O resultado é uma diminuição de eficiência e consequentemente o esquecimento por parte das massas.
Quanto mais importante for o objetivo a conseguir-se, tanto mais certa, psicologicamente, deve ser a tática a empregar.
Por exemplo, foi um erro fundamental querer tornar o inimigo ridículo, como o fizeram os jornais humorísticos austríacos e alemães.
Este sistema é profundamente errado, pois o soldado, quando caia na realidade, fazia do inimigo uma idéia totalmente diferente, o que, como era de esperar, acarretou graves conseqüências. Sob a impressão imediata da resistência do inimigo, o soldado alemão sentia-se ludibriado por aqueles que o tinham orientado até então, e, em vez de um aumento de sua combatividade ou mesmo resistência, dava-se o oposto. O homem desanimava.
Em contraposição, a propaganda de guerra dos americanos e ingleses era psicologicamente acertada. Apresentando ao povo os alemães como bárbaros e Hunos, ela preparava o espírito dos seus soldados para os horrores da guerra, ajudando assim a preservá-los de decepções. A mais terrível arma que fosse empregada contra ele, parecer-lhe-ia mais uma confiança no que lhe tinham dito e aumentaria a crença na 'Veracidade das afirmações de seu governo como também, por outro lado, servia para fazer crescer o ódio contra o inimigo infame. O cruel efeito da arma do adversário que ele começava a conhecer parecia-lhe aos poucos uma prova da brutalidade feroz do inimigo "bárbaro" de que ele já tinha ouvido falar, sem que, por um segundo, tivesse sido levado a pensar que as suas próprias armas fossem, muito provavelmente, de ação mais terrível.
Assim é que, sobretudo o soldado inglês, nunca se sentiu mal informado pelos seus, o que infelizmente se dava com o soldado alemão, Este chegava a rejeitar as noticias oficiais como falsas, como verdadeiro embuste.
Tudo isso era a conseqüência de se entregar esse serviço de propaganda ao primeiro asno que se encontrava, em vez de compreender que para este serviço é necessário um profundo conhecedor da alma humana.
A propaganda de guerra alemã serviu de exemplo inexcedível em efeitos negativos, em virtude da falta absoluta de raciocínio psicologicamente certo.
Muito se poderia ter aprendido do inimigo, sobretudo aquele que, de olhos abertos e com o sentido alerta, observasse a onda da propaganda inimiga durante os quatro anos e meio de guerra.
O que menos se compreendia era a condição primeira de toda atividade propagandista, a saber: a atitude fundamentalmente subjetiva e unilateral que a mesma deve assumir em relação ao objetivo visado. Neste terreno cometeram se erros tão grandes, logo no começo da guerra, que se tinha o direito de duvidar se tanta asneira podia ser atribuída só à pura ignorância.
Que se diria, por exemplo, de um cartaz anunciando um novo sabão e que, no entanto, aponta como "bons" outros sabões? A única coisa a fazer diante disso seria levantar os ombros, e passar.
O mesmo se dá em relação à propaganda política.
Foi um erro fundamental, nas discussões sobre a culpabilidade da guerra, admitir que a Alemanha não podia sozinha ser responsabilizada pelo desencadeamento dessa catástrofe. Deveria ter-se incessantemente atribuído a culpa ao adversário, mesmo que esse fato não tivesse correspondido exatamente à marcha dos acontecimentos, como na realidade era o caso. Qual, porém, foi a conseqüência dessa indecisão?
A grande massa de um povo não se compõe de diplomatas ou só de professores oficiais de Direito, mesmo de pessoas capazes de ajudar com acerto, e sim de criaturas propensas à dívida e às incertezas. Quando se verifica, em uma propaganda em causa própria, o menor indício de reconhecer um direito à parte oposta, cria-se imediatamente a dúvida quanto ao direito próprio. A massa não está em condições de distinguir onde acaba a injustiça estranha e onde começa a sua justiça própria. Ela, num caso como esse, torna-se indecisa e desconfiada, sobretudo quando o adversário não comete a mesma tolice, mas, ao contrário, lança toda e qualquer culpa sobre o inimigo. Nada mais natural, pois que, finalmente, o povo acabe acreditando mais na propaganda inimiga do que na própria, dada a uniformidade coerência desta. Esse efeito é, então, inevitável quando se trata de um povo como o alemão que já por si sofre de tão grande mania de objetivismo, e está sempre preocupado em evitar injustiças ao inimigo, mesmo ante o perigo do seu próprio aniquilamento.
A massa não chega a compreender que não é assim que se imaginam essas coisas nos postos de comando.
O povo, na sua grande maioria, é de índole feminina tão acentuada, que se deixa guiar, no seu modo de pensar e agir, menos pela reflexão do que pelo sentimento.
Esses sentimentos, porém, não são complicados mas simples e consistentes. Neles não há grandes diferenciações. São ou positivos ou negativos: amor ou ódio, justiça ou injustiça, verdade ou mentira. Nunca, porém, o meio termo.
Tudo isso foi compreendido, sobretudo pela propaganda inglesa e por ela aproveitado, de uma maneira verdadeiramente genial. Lá não havia indecisões que pudessem provocar dúvidas.
A prova do conhecimento que tinham os ingleses do primitivismo do sentimento da grande massa foi as divulgações das crueldades do nosso exército, campanha que se adaptava a esse estado de espírito do povo.
Essa tática serviu para assegurar, de maneira absoluta, a resistência no front, mesmo na ocasião das maiores derrotas. Além disso, persistiu-se na afirmação de que o inimigo alemão era o único culpado pelo rompimento de hostilidades. Foi essa mentira repetida e repisada constantemente, propositadamente, com o fito de influir na grande massa do povo, sempre propensa a extremos. O desideratum foi atingido. Todos acreditaram nesse embuste.
O quanto foi eficiente essa maneira de fazer propaganda ficou patenteado claramente no fato de ter ela conseguido, após quatro anos, não só assegurar a resistência ao inimigo como começar a influir nocivamente no modo de ver do nosso próprio povo.
Não é de espantar que à nossa propaganda estivesse reservado um tal insucesso. Ela trazia a semente da ineficácia na sua própria dubiedade. Além disso, era pouco provável, a julgar pelo seu conteúdo, que ela fosse capaz de causar o efeito necessário no seio da multidão anônima.
Só mesmo os nossos "estadistas" falhos de espírito poderiam imaginar que, com esse pacifismo anódino e cheirando a flor de laranja, se conseguisse despertar o entusiasmo de alguém ao ponto de arrastá-lo ao sacrifício até da vida. Foi, pois, inútil essa miserável tática e até mesmo perniciosa. Qualquer que seja o talento que se revele na direção de uma propaganda não se conseguirá sucesso, se não se levar em consideração sempre e intensamente um postulado fundamental. Ela tem de se contentar com pouco, porém, esse pouco terá de ser repetido constantemente. A persistência, nesse caso, é, como em muitos outros deste mundo, a primeira e mais importante condição para o êxito.
Em assuntos de propaganda, justamente, é que não se pode ser guiado por estetas, nem por blasés. Os primeiros dão, pela forma e pela expressão, um tal cunho à propaganda que, dentro em pouco, ela só tem poder de atração nos círculos literários; os segundos devem ser cuidadosamente evitados, pois a sua falta de sensibilidade faz com que procurem constantemente novos atrativos. Essas criaturas de tudo se fartam com facilidade; o que eles desejam é variedade e são incapazes de uma compreensão das necessidades de seus concidadãos ainda não contaminados pelo seu pessimismo. Eles são sempre os primeiros críticos da propaganda, ou, melhor, de seu conteúdo, o qual lhes parece demasiado arcaico, demasiado batido, etc. Só querem novidades, só procuram variedade e tornam-se dessa maneira inimigos mortais de uma conquista eficiente das massas sob o ponto de vista político. Logo que uma propaganda, na sua organização e no seu conteúdo, começa a se dirigir pelas necessidades deles, perde toda a unidade e se dispersa inteiramente.
A propaganda, entretanto, não foi criada para fornecer a esses senhores blasés uma distração interessante e sim para convencer a massa. Esta, porém, necessita - sendo como é de difícil compreensão - de um determinado período de tempo, antes mesmo de estar disposta a tomar conhecimento de um fato, e, somente depois de repetidos milhares de vezes os mais simples conceitos, é que sua memória entrará em funcionamento.
Qualquer digressão que se faça não deve nunca modificar o sentido do fim visado pela propaganda, que deve acabar sempre afirmando a mesma coisa. O estribilho pode assim ser iluminado por vários lados, porém o fim de todos os raciocínios deve sempre visar o mesmo estribilho. Só assim a propaganda poderá agir de uma maneira uniforme e decisiva.
Só a linha mestra, que nunca deve ser abandonada, é capaz de, guardando a acentuação uniforme e coerente, fazer amadurecer o sucesso final. Só então poder-se-á, com espanto, constatar que formidáveis e quase incompreensíveis resultados tal persistência é capaz de produzir.
Todo anúncio, seja ele feito no terreno dos negócios ou da política, tem o seu sucesso assegurado na constância e continuidade de sua aplicação.
Também aqui foi modelar o exemplo da propaganda de guerra inimiga, restrita a poucos pontos de vista, exclusivamente destinada à massa e levada avante com tenacidade incansável.
Durante toda a guerra empregaram-se os princípios fundamentais reconhecidos certos, assim como as formas de execução, sem que se tivesse nunca tentado a menor modificação. No princípio essa tática parecia louca no atrevimento de suas afirmações. Tornou-se mais tarde desagradável, e finalmente acreditada. Quatro e meio anos após, estalou na Alemanha uma revolução cujo leit-motiv provinha da propaganda de guerra inimiga.
Na Inglaterra, entretanto, compreendeu-se mais uma coisa, a saber:
Essa arma espiritual só tem o seu sucesso garantido na aplicação às massas e esse sucesso cobre regiamente todas as despesas.
Lá, a propaganda valia como arma de primeira ordem, enquanto que entre nós era considerada o último ganha-pão dos políticos desocupados, e fornecia pequenas ocupações para heróis modestos.
O seu sucesso era, pois, de modo geral, igual a zero.

Segunda Parte do Minha luta

CAPÍTULO VI - A LUTA NOS PRIMEIROS TEMPOS - A IMPORTÂNCIA DA ORATÓRIA

Mal tínhamos terminado o primeiro grande comício de 24 de fevereiro de 1920, na sala de festas do Hofbräuhaus e já nos preparávamos para o próximo. Até aquele momento tinha-se como quase impossível, em uma cidade como Munique, fazer um comício de quinze em quinze dias ou mesmo uma vez por mês. No entanto, íamos realizar um grande mitingue por semana!
Naqueles tempos, faziamo-nos sempre esta angustiosa pergunta: O povo virá às nossas reuniões, estará disposto a ouvir-nos? Quanto a mim, já estava firmemente convencido de que uma vez que o povo comparecesse aos mitingues, aí permaneceria e ouviria os oradores com atenção.
No início do movimento a sala de festas do Hofbräuhaus de Munique tinha, para nós nacionais-socialistas, uma significação quase sagrada. Todas as semanas ali se realizava um comício, quase sempre na mesma sala. A concorrência era cada vez maior e a assistência cada vez mais atenta. A começar da questão de saber a quem cabia a responsabilidade na guerra, com que ninguém mais se preocupava, até ao tratado da paz, tudo era discutido, tudo o que de qualquer modo, fosse necessário para a agitação em favor das nossas idéias, da nossa finalidade. Sobretudo a critica do tratado de paz despertava grande atenção popular. Quase tudo o que o novo movimento profetizou sobre esse assunto, junto às massas, realizou-se depois. Hoje é fácil falar ou escrever sobre o tratado de paz. Outrora, porém, um comício popular público composto, não de fleumáticos burgueses, mas de operários excitados, e que tivesse por tema o tratado de Versalhes, era considerado como um ataque à República e um sintoma de reacionarismo, e até mesmo de tendências monárquicas. A primeira proposição pronunciada por um crítico desse tratado era invariavelmente recebida com o grito: "É o tratado de Brest-Litowsky?" A gritaria da multidão continuava cada vez mais forte até atingir o auge da violência, se o orador não abandonasse a idéia de, tentar persuadir as massas. Era de desesperar o espetáculo que então oferecia o povo!
O povo não queria ouvir, não queria entender que o tratado de Versalhes era uma vergonha e um opróbrio para a nação e que esse tratado de paz que nos fora ditado traduzia-se por um verdadeiro saque. A obra de destruição do marxismo, a sua propaganda envenenadora tinha cegado o povo. E ninguém se poderia queixar dessa situação, tão grande era a culpa do lado dos dirigentes. Que tinha feito a burguesia para conter essa terrível desagregação, contrariá-la e. por uma melhor e mais inteligente propaganda, abrir o caminho para a verdade Nada, absolutamente nada. Nunca encontrei, naqueles tempos, os grandes apóstolos de hoje. Talvez estivessem eles fazendo conferências em reuniões familiares, em five o' clock teas ou em outros círculos semelhantes. Não se encontravam nunca no lugar em que deveriam estar, isto é, entre os lobos, uivando com eles.
Eu via claramente que, para o nosso movimento, então na infância, a questão da responsabilidade da guerra deveria ser liquidada à luz da verdade histórica. Foi uma condição sine qua non do êxito da nossa causa o ter proporcionado às massas a - compreensão do tratado de paz. Como, naqueles tempos, todos viam nessa paz uma vitória da Democracia, fazia-se necessário lutar contra essa idéia e gravar na cabeça do povo para sempre o ódio contra esse tratado, para que, mais tarde, quando essa obra de mentiras, em formas brilhantes, aparecesse na sua dura realidade, a lembrança de nossa atitude de outrora servisse para conquistar para nós a confiança do povo. Já naqueles tempos eu tinha tomado a resolução de, nas importantes questões de princípio, nas quais a opinião pública geral tinha aceito um ponto de vista falso, tomar uma atitude contrária, sem preocupação de popularidade. O Partido Nacional Socialista não deve ser um esbirro da opinião pública mas senhor da mesma.
Em todos os movimentos ainda em inicio, sobretudo nos momentos em que um adversário mais poderoso, com a sua arte de sedução, conseguiu arrastar o povo a alguma lunática revolução ou a tomar uma posição falsa, nota-se uma forte tentação para agir e gritar com as multidões, especialmente quando há algumas razões, mesmo ilusórias, para assim agir do ponto de vista do partido.
A covardia humana procura com tanto ardor essas razões que quase sempre encontrará alguma coisa que ofereça uma aparência de justiça para, do seu próprio ponto de vista, colaborar em um tal crime.
Tive ocasião de observar, algumas vezes, esses casos, em que se faz - necessário desenvolver a máxima energia para evitar que a nau do partido não navegue na corrente geral, ou melhor, não se deixe por ela arrastar. A última vez que isso aconteceu foi quando a nossa infernal imprensa, que é a Hecuba da nação alemã, conseguiu emprestar à questão do sul do Tirol uma proeminência que terá sérias conseqüências para a nação alemã.
Sem refletirem sobre a causa a que estávamos servindo, muitos dos chamados nacionalistas, indivíduos, partidos e associações, simplesmente com receio da opinião pública excitada pelos judeus, fizeram coro comum com o sentir geral e, idiotamente, deram o seu apoio à luta contra um sistema que nós alemães, especialmente na crise atual, deveríamos ver como uma brilhante esperança nesse momento de corrupção. Enquanto os judeus internacionais, lenta mas firmemente, tentam estrangular-nos, os soi-disants patriotas vociferam contra um homem e um sistema .que se tinham aventurado a libertar, pelo menos um trato do planeta, da dominação dos judeus-maçons, e a opor as forças nacionais a esse veneno internacional. Era mais cômodo, porém, para caracteres fracos, navegar ao sabor dos ventos e capitular ante o clamor da opinião pública. E, de fato, tudo não passou de uma capitulação. Podem esses indivíduos, com a falsidade e maldade que lhes é peculiar, não confessar essa fraqueza, nem mesmo perante a sua própria consciência, mas a verdade é que só por medo e covardia da opinião pública preparada pelos judeus consentiram em colaborar no movimento a que nos referimos. Todas as outras razões que apresentam não passam de miseráveis subterfúgios de quem tem a consciência do crime praticado.
Tornava-se, pois, necessário, um punho de ferro para dar outra orientação, a fim de livrá-lo dos danos ocasionados por essa orientação. Tentar uma mudança dessa natureza em um momento em que a opinião pública era excitada sempre no mesmo sentido, por todas as forças, não era uma missão popular, mas, ao contrário, extremamente perigosa, mesmo para os mais audazes. Não, é, porém, raro na história que, nestes momentos, indivíduos se deixem lapidar por um gesto que dará à posteridade motivos para prostrar-se a seus pés.
Com esses aplausos da posteridade deve contar todo movimento de grande alcance e não somente com os aplausos dos coevos. Pode acontecer que, nesses momentos, os indivíduos se deixem entibiar. Não devem porém, esquecer de que, depois dessas horas difíceis, vem a redenção e de que uma agitação que pretende renovar o mundo, tem que visar mais o futuro do que o presente.
Pode-se constatar facilmente que os maiores sucessos, os de efeitos mais duradouros, na história da humanidade foram, geralmente, de começo, pouco compreendidos e isso porque se contrapunham aos pontos de vista e ao gosto da opinião pública. Isso pudemos verificar nos primeiros dias de nossa apresentação em público. Não procuramos conquistar o favor das massas, ao contrário fomos de encontro, em tudo, aos desvarios do povo. Quase sempre acontecia, naqueles tempos, apresentai--me em reuniões de homens que acreditavam no contrário do que eu lhes queria dizer e queriam o contrário daquilo em que eu acreditava. Nossa missão era, durante duas horas, libertar dois a três mil homens das noções erradas que possuíram, por golpes sucessivos destruir os fundamentos dos mesmos e, finalmente, atraí-los para as nossas idéias, para a nossa doutrina.
Em pouco tempo aprendi uma coisa importante que consistia em tirar das mãos do inimigo as armas de defesa. Logo se tornou evidente que os nossos adversários, sobretudo tratando-se de discussões verbais, sempre se apresentavam com um repertório certo de argumentos que, repentinamente, usavam contra as nossas afirmações, de modo que a uniformidade desse processo de argumentar proporcionou-nos um treno consciente e de objetivo bem definido. Pudemos compreender o espírito de disciplina dos nossos adversários, na sua propaganda. Hoje orgulho-me de ter descoberto os meios não só de tornar a sua propaganda ineficiente como também de vencer os seus próprios líderes. Dois anos depois eu era mestre nesta arte.
Em cada discussão, o importante era ter, de antemão, uma idéia clara da forma e do aspecto prováveis dos argumentos que se esperavam por parte dos adversários e, mencionar, de começo, as possíveis objeções e provar a sua falta de consistência. Assim o ouvinte, apesar das numerosas objeções que lhe tinham sido inspiradas, pela destruição antecipada das mesmas, era facilmente conquistado para a causa, desde que fosse um homem bem intencionado. A lição que lhe ensinavam de cor era abandonada e sua atenção era cada vez mais atraída para a exposição do orador.
Foi essa a razão por que, depois da minha conferência sobre o tratado de Versalhes, dirigida às tropas, na qualidade de "instrutor", mudei a minha orientação e comecei a falar sobre os dois tratados, de Versalhes e de Brest-Litowsky, o último dos quais antes sempre irritava o auditório. Depois de algum tempo, no decorrer da discussão que se seguiu à primeira conferência, pude afirmar que o povo, na realidade, nada sabia sobre o tratado de Brest-Litowsky e que isso era devido à bem sucedida propaganda dos partidos políticos que apontavam esse tratado como um dos mais vergonhosos atos de opressão da história da humanidade. À tenacidade com que essa mentira era posta diante dos olhos das grandes massas, deve-se o fato de milhões de alemães verem no tratado de Versalhes nada mais do que um justo castigo pelo crime que havíamos cometido em Brest-Litowsky. Influenciados por essa propaganda, os nossos compatriotas viam uma campanha forte contra o tratado de Versalhes como injusta e, freqüentemente, se irritavam ou se enojavam ante qualquer tentativa nesse sentido.
Foi por isso também que o povo se pode acostumar com a impudente e monstruosa palavra "reparação". Por milhões de nossos compatriotas, iludidos por uma propaganda falsa, essa mentira passou a ser vista como um ato de grande justiça. A melhor prova disso está no êxito da propaganda que dirigi contra o tratado de Versalhes, campanha que sempre iniciava com uma explicação sobre o tratado de Brest-Litowsky. Durante a argumentação punha os dois tratados um ao lado do outro, comparava-os, ponto por ponto, mostrava que um, na realidade, se inspirava em um sentimento generoso, enquanto, ao contrário, o outro se caracterizava por uma crueldade desumana. Esse processo de comparação era coroado do mais completo êxito. Muitas vezes, discorri, outrora, sobre esse tema, em reuniões de milhares de homens, dos quais a maioria me recebia com olhares agressivos. E três dias depois, tinha diante de mim uma massa agitada pela mais sagrada revolta, por uma fúria sem limites contra esse tratado. Mais uma vez uma grande mentira era desalojada dos cérebros de milhares de homens, e, no lugar do embuste, se instalava a verdade.
Eu considerava como as mais importantes as duas conferências sobre "As verdadeiras causas da Guerra e sobre "Os tratados de Versalhes e Brest-Litowsky". Por isso, repetia-as dezenas de vezes sempre com argumentos novos, até que uma compreensão clara e definida se formasse no espírito dos ouvintes, no seio dos quais o nosso movimento granjeava os primeiros adeptos. Esses mitingues tiveram para mim ainda a vantagem de transformar-me aos poucos em orador de comícios, tendo adquirido o entusiasmo e os gestos que as grandes reuniões populares estimulam.
Naqueles momentos, como já afirmei, a não ser em pequenos círculos, nunca assisti, por iniciativa dos partidos, a qualquer explicação sobre esses tratados, com a orientação por mim adotada. No entanto, hoje, esses partidos enchem a boca com essas idéias e agem como se fossem eles que tivessem modificado a opinião pública.
Se os chamados partidos políticos nacionalistas alguma vez fizeram conferências nesse sentido, falavam sempre em círculos que já possuíam as mesmas idéias dos conferencistas, que apenas serviam para fortalecer as convicções do auditório.
Não acontecia nunca, porém, que, por meio da propaganda, procurassem conquistar a adesão dos que, até então, por sua educação e por suas idéias, se mantinham no campo oposto.
Também os folhetos foram postos a serviço da nossa propaganda. Já no seio da tropa, eu havia redigido um folheto fazendo um confronto entre o tratado de Brest-Litowsky e o de Versalhes, o qual alcançou uma grande tiragem. Mais tarde, servi-me desse recurso para a propaganda do partido. Nesse ponto também, a eficiência se fez sentir.
Os nossos primeiros mitingues se distinguiam pelo fato de distribuirmos opúsculos, boletins, jornais e brochuras de toda espécie. No entanto, a nossa maior confiança estava na palavra falada. É, de fato, a palavra falada, por motivos psicológicos, é a única força capaz de provocar grandes revoluções.
Em outro capitulo deste livro, já cheguei à conclusão de que todos os acontecimentos importantes, todas as revoluções mundiais, não são jamais fruto da palavra escrita mas, ao contrário, são sempre produzidas pela palavra falada.
Sobre esse assunto, travou-se, em uma parte da imprensa, longa discussão em que, sobretudo entre os nossos espertalhões da burguesia, se combateu essa afirmação A razão por que isso acontecia era suficiente para destruir os argumentos dos que contraditavam essa verdade, os intelectuais burgueses protestavam contra uma tal noção somente porque visivelmente eles não possuíam força e capacidade para exercer influência sobre as massas, por meio da palavra falada. Acostumados a agir sempre pela palavra escrita, renunciaram a utilizar a grande força de agitação que é a palavra falada.
Esse hábito, com o decorrer dos tempos, teve fatalmente o resultado, que hoje verificamos na burguesia, isto é, a perda do instinto de atuação sobre as massas.
Ao passo que lhe permite corrigir os seus pontos de vista de acordo com a maneira de comportar-se da audiência, podendo seguir seus argumentos com inteligência e verificar se as suas palavras estão produzindo o efeito desejado, o escritor nenhum contato tem com seus leitores. Por isso, o escritor é, de inicio, incapaz de se dirigir a uma multidão definida, com um programa em condições de arrastá-la e tem que se limitar a argumentos de ordem geral.
Assim perde ele, até certo ponto, a fineza necessária para compreender a psicologia popular e, com o tempo, a plasticidade indispensável. É mais freqüente que um brilhante orador consiga ser um grande escritor do que vice-versa.
Releva notar ainda que as massas humanas são naturalmente preguiçosas, e, por isso, inclinadas a conservar os seus antigos hábitos. Raramente, por impulso próprio, procuram ler qualquer coisa que não corresponda às idéias que já possuem ou que não encerre aquilo que esperam encontrar. Assim sendo, um escrito que visa um determinado fim, na maioria dos casos, só é lido por aqueles que já possuem a mesma orientação do autor. Mais eficiente é um boletim ou um folheto. Justamente por serem curtos, de leitura fácil, podem despertar a atenção do antagonista, durante um momento.
Grandes possibilidades possui a imagem sob todas as suas formas, desde as mais simples até ao cinema. Nesse caso, os indivíduos não são obrigados a um trabalho mental. Basta olhar, ler pequenos textos. Muitos preferirão uma representação por imagens à leitura de um longo escrito. A imagem proporciona mais rapidamente, quase de um golpe de vista, a compreensão de um fato a que, por meio de escritos, só se chegaria depois de enfadonha leitura.
O mais importante é que o escritor nunca sabe em que meios vão parar as suas produções e quem vai aceitar as suas idéias, A atuação do propagandista será em geral tanto mais eficiente quanto melhor as noções propagadas correspondam ao nível intelectual e ao modo de vida dos leitores. Um livro que é destinado às grandes massas deve, em primeiro lugar, esforçar-se por adotar um estilo e uma elevação inteiramente diversos de outro que se dirige às altas camadas intelectuais. Só com essa capacidade de adaptação pode a palavra escrita aproximar-se, nos seus efeitos, da palavra falada.
Suponhamos que o orador trate do mesmo assunto explanado em um livro. Se ele é um grande e genial orador, não precisa repetir o mesmo assunto, duas vezes, da mesma maneira. Ele se identificará tanto com as massas que as palavras de que precisa fluem naturalmente de modo a tocar o coração do auditório. Quando se empenha em um caminho errado, tem a oportunidade de corrigir-se, até mesmo, no seio da multidão. Na fisionomia dos ouvintes poderá ele observar, primeiro, se está sendo compreendido, segundo, se todos os ouvintes podem acompanhá-lo, terceiro, se estão persuadidos da justeza do que lhes apresenta.
Na hipótese de verificar que não está sendo compreendido, procederá a uma explicação tão clara, tão simples, que todos a aceitarão. Se sentir que o auditório não pode acompanhá-lo em todos os seus raciocínios, ele, então, exporá suas idéias lenta e cuidadosamente, até que os espíritos intelectualmente mais fracos possam apanhá-las. Se compreender que os ouvintes não estão convencidos da correção de seus argumentos, repeti-los-á tantas vezes quantas forem necessárias, aduzindo sempre novos argumentos e fazendo ele mesmo as objeções que julga estarem no espírito do auditório. Continuará assim até que o último grupo de oposição demonstre, pela sua maneira de portar-se e por sua fisionomia, que capitulou ante os raciocínios apresentados.
Não raramente surge o caso da existência de poderosos preconceitos, que não vêm da razão, mas ao contrário, são na maior parte, inconscientes e com base apenas nos sentimentos. É mil vezes mais difícil transpor essa barreira de repulsa instintiva, de ódio ou de preconceitos negativos, do que corrigir uma noção errada ou incorreta- A ignorância, falsas concepções podem ser removidas por argumentos, a obstrução oriunda do sentimento, nunca. Só um apelo a essas forças ocultas pode ser bem sucedido nesse caso. Isso é quase impossível para um escritor. Só um orador pode ter esperanças de consegui-lo.
A prova mais evidente disso está no fato de a imprensa burguesa apesar de sua grande habilidade, apesar de espalhar-se por milhões de exemplares, não ter podido evitar que justamente as massas se constituíssem nos maiores inimigos do mundo burguês. A aluvião de jornais e de livros que, todos os anos, produzem os intelectuais, escorre, entre milhões de alemães das camadas inferiores, como água sobre pele untada de óleo.
Esse fato pode provar duas teses: ou o erro do conteúdo de todas essas produções escritas ou a impossibilidade de atingir o coração das massas, só pela palavra escrita, sobretudo quando essa palavra escrita não está de acordo com a psicologia coletiva, como é o caso entre nos.
Não se objete (como o tentou um grande jornal nacionalista de Berlim) que o marxismo, com os seus escritos, sobretudo pela atuação da obra fundamental de Karl Marx, oferece uma prova em contrario dessa afirmação.
A força que deu ao marxismo a sua espantosa influência sobre as massas não foi a obra intelectual preparada pelos judeus, mas sim a formidável propaganda oral que inundou a nação, acabando pela dominação das camadas populares. De cem mil proletários alemães não se tiram talvez Cem que conheçam a obra de Marx, que era estudada, mil vezes mais, pelos intelectuais, especialmente os judeus, do que por genuínos adeptos do movimento, nas classes inferiores. Esse livro foi escrito para o povo mas exclusivamente para os líderes intelectuais da máquina que os judeus montaram para a conquista do mundo, A agitação foi dirigida com material de outra espécie, isto é, com a imprensa. Nisso está a diferença entre a imprensa marxista e a burguesa. Os jornais marxistas eram redigidos por agitadores, enquanto a imprensa burguesa preferiu dirigir a sua agitação através de escritores.
O redator clandestino social-democrata, que quase sempre sai dos locais de reunião para as redações, conhece a sua gente melhor do que ninguém. O escrevinhador burguês, que sai do seu escritório para pôr-se em contato com o povo, cai doente só em sentir o cheiro das massas e, por isso, fica impotente em face delas, com a sua palavra escrita.
O que fez com que o marxismo conquistasse milhões de trabalhadores foi menos a maneira de escrever dos papas marxistas do que a infatigável e verdadeiramente poderosa propaganda de cem mil incansáveis agitadores, a começar dos apóstolos da primeira fila até aos pequenos empregados de fábrica e aos oradores populares. Foi nas centenas de milhares de reuniões, nas salas contaminadas de fumo das estalagens, que os oradores martelavam as suas idéias na cabeça do povo, obtendo um conhecimento fabuloso do material humano, que o marxismo aprendia a usar as armas adequadas para conquistar a opinião pública.
A vitória do marxismo foi também devida às formidáveis demonstrações coletivas, àqueles cortejos de centenas de milhares de homens, perante os quais os indivíduos se Julgavam mesquinhos vermes, mas, não obstante isso, orgulhavam-se de pertencer à gigantesca organização, ao sopro da qual o odiado mundo burguês poderia ser incendiado, permitindo à ditadura proletária festejar a sua vitória final.
Dessa propaganda vêm os homens que estavam preparados a ler a imprensa social-democrática, imprensa que não é escrita mas falada. Enquanto, no campo burguês, professores e exegetas, teóricos e escritores de todas as nuances tentaram a tribuna, os oradores marxistas também se dedicaram à produção de trabalhos escritos. Sobretudo o judeu, que, nesses assuntos, não deve ser perdido de vistas, será, graças à sua dialética mentirosa e à sua maleabilidade, mais afeiçoado à oratória do que à palavra escrita.
Essa é a razão por que os burgueses (pondo-se de parte o fato de que estavam em grande maioria influenciados pelos judeus e não tinham nenhum interesses em instruir a coletividade) não puderam exercer a menor influência sobre a grande massa do povo.
De como é difícil destruir preconceitos, impressões e sentimentos e substitui-los por outros, que dependem de influências e condições imprevisíveis, só o orador, que sente a alma popular, pode fazer uma idéia. A mesma conferência, o mesmo orador, o mesmo tema, produzem efeitos, às dez horas da manhã, diferentes dos que se pode obter às três horas da tarde ou à noite. Eu mesmo, como principiante, tentei fazer reuniões à tarde e lembro-me muito bem de uma demonstração que, como "protesto contra a opressão nas nossas fronteiras", fizemos no Kindl-Keller de Munique. Era a mais vasta sala da cidade e o risco em que incorríamos parecia acima de nossas forças. Para facilitar a presença dos nossos adeptos e de todos que quisessem na mesma tomar parte, marquei a reunião para as dez horas da manhã de um domingo. A expectativa era de ansiedade, que logo se transformou em uma lição das mais instrutivas: a sala encheu-se, a impressão era de vitória, mas notava-se a mais fria disposição por parte do auditório. Ninguém se inflamava. Eu mesmo, como orador, sentia-me infeliz, não conseguia estabelecer ligação com os ouvintes. Aliás, eu estava convencido de que não tinha falado mal, mas, não obstante isso, o efeito da conferência foi nulo. Descontente, apesar de ter adquirido mais uma experiência, deixei a sala de reuniões. Outras provas que eu, mais tarde, tentei, tiveram o mesmo resultado.
Isso não deve causar admiração a ninguém. Quem for assistir a uma representação teatral às três horas da tarde e depois assistir à mesma peça às oito horas da noite ficará surpreendido com a diferença de impressões! Qualquer indivíduo de sentimentos delicados e de capacidade artística para compreender esse estado de espírito, poderá logo constatar que a impressão causada pela representação à tarde não se pode comparar com a mesma da noite. O mesmo acontece com o cinematógrafo. Essa última observação é importante, porque poder-se-ia dizer que, durante o dia, os artistas de teatro não desenvolvem o mesmo esforço que durante a noite.
Quanto ao filme, a situação é a mesma, tanto de noite como de dia. A razão é que é o próprio tempo que provoca a alteração, tal como acontece comigo em relação ao lugar. Há lugares que provocam frieza, por motivos que, dificilmente, se podem avaliar, e onde toda tentativa de afinação com o povo encontra a mais firme resistência. As recordações e representações do passado, presentes ao espirito dos homens também podem criar uma certa impressão. Assim uma representação de Parsifal em Bayreuth produzirá uma impressão diferente da que se terá em qualquer outra parte do mundo. O místico encanto da casa de Fest-spielhügel da cidade dos antigos margraves não pode ser substituído nem sobrepujado.
Em todos os casos, trata-se de uma diminuição do livre arbítrio do homem. Isso é mais verdadeiro ainda quando se trata de assembléias nas quais os indivíduos possuem pontos de vista opostos. Pela manhã e mesmo durante o dia, a força de vontade das pessoas parece resistir melhor, com mais energia, contra a tentativa de impor-se-lhes uma vontade estranha. À noite, deixam-se vencer mais facilmente pela força dominadora de uma vontade forte. Na realidade, em cada uma dessas reuniões há uma luta de duas forças opostas. A superioridade de um verdadeiro apóstolo, quanto à eloqüência, tornar-lhe-ia mais fácil o êxito da conquista, para o novo credo de adeptos que já sofreram uma diminuição na sua capacidade de resistência. Visa ao mesmo objetivo a misteriosa e artística hora do angelus da igreja católica, com suas luzes, seu incenso, turíbulos, etc.
Nessa luta do orador com o adversário que se quer convencer, adquire este, pouco a pouco, um espírito de combatividade que quase sempre falta ao escritor.
Dai resulta que as produções escritas, na sua limitada eficiência, prestam-se melhor à conservação, fortalecimento e aprofundamento de um ponto de vista já existente. Todas as grandes modificações históricas foram devidas à palavra falada e não à escrita.
Não se acredite por um momento que a Revolução Francesa se realizou por força de teorias filosóficas. Ela teria fracassado se não contasse com um exército de demagogos de alto estilo, que despertaram as paixões do povo martirizado, a ponto de provocar a terrível erupção que deixou a Europa transida de pavor.
A mesma explicação tem a maior revolução de nossos dias, a revolução comunista da Rússia. Essa não foi conseqüência dos escritos de Lenine, mas da eficiência oratória de grandes e pequenos oradores, que desenvolveram o ódio das massas contra a situação existente. Um povo de analfabetos não seria arrastado nunca a uma revolução comunista pela leitura de um teórico como Karl Marx, mas sim pelos milhares de agitadores que, a serviço de uma idéia, discursavam para o povo.
Isso foi e há de ser sempre assim.
Os nossos intelectuais, na sua ignorância das realidades, chegam a acreditar que um escritor é, forçosamente, superior em inteligência a um orador.
Esse ponto de vista é deliciosamente ilustrado em um artigo de certo jornal nacionalista, em que se afirma que geralmente se sente uma desilusão quando se lê um discurso de um grande orador, por todos admirado como tal.
Lembro-me de outra crítica que me veio às mãos durante a Guerra. O jornal pegou os discursos de Lloyd George, então ministro das munições, examinou-os, nos menores detalhes, para chegar à brilhante conclusão de que esses discursos revelavam inferioridade intelectual, ignorância e banalidade. Obtive alguns desses discursos enfeixados em um pequeno volume e não pude deixar de rir, ao pensar que o escrevinhador não conseguiu compreender a influência que essas obras-primas exercem sobre a opinião pública. O tal escrevinhador julgou esses discursos somente pela impressão que os mesmos causavam no seu espírito blasé, ao passo que o grande demagogo inglês tinha obtido um efeito imenso no seu auditório e em todas as camadas inferiores da população britânica.
Examinados por esse prisma, os discursos de Lloyd George eram produções admiráveis, pois revelavam um grande conhecimento da psicologia das massas. Sua atuação no espírito do povo foi decisiva.
Comparem-se os discursos de Lloyd George com os discursos fúteis, gaguejados por um Bethmann-Hollveg! Talvez as orações do último sejam superiores sob o ponto de vista intelectual, mas demonstram a incapacidade do seu autor para falar à nação que ele não conhecia.
Que Lloyd George era superior a Bethmann-Hollveg prova-o o fato de ser a forma dada aos seus discursos em moldes capazes de falar ao coração do seu povo e fazê-lo obedecer à sua vontade. A simplicidade das suas orações, a forma de expressão, a escolha de ilustrações simples, de fácil compreensão, são provas evidentes da extraordinária capacidade política de Lloyd George.
O discurso de um estadista, falando ao seu povo, não deve ser avaliado pela impressão que o mesmo provoca no espírito de um professor de Universidade, mas no efeito que produz sobre as massas.
Só por esse critério é que se pode medir a genialidade de um orador.
O admirável progresso do nosso movimento que, há poucos anos, se originara do nada, e hoje é um movimento de valor, perseguido por todos os inimigos internos e externos do povo. deve-se ao fato de sempre ter sido tomada em consideração aquela verdade.
Por mais importante que seja a produção escrita do movimento, ela terá sempre mais valor para a formação intelectual dos grandes e pequenos lideres, em um plano único, do que para a conquista das massas colocadas em pontos de vista contrários. Só em casos excepcionalíssimos, um social-democrata convencido ou um fanático comunista condescenderá em adquirir uma brochura ou mesmo um livro nacional-socialista para lê-los e daí formar uma idéia sobre a nossa doutrina ou para estudar a critica às suas convicções. Os jornais raramente são lidos quando não trazem bem claro o sinete do partido a que pertence o leitor. Além disso, a leitura de um exemplar de jornal pouco adianta. A sua atuação é de tal modo dispersiva que da mesma nenhuma influência digna de nota se pode esperar. Não se pode e não se deve exigir de ninguém, sobretudo daqueles para os quais um pfening é muito dinheiro, que assinem jornais inimigos, só pelo desejo de obter esclarecimento sobre os fatos. Isso talvez não aconteça em um caso sobre dez mil. Quem já aderiu a uma causa lerá naturalmente o jornal do seu partido para se pôr ao par das notícias do movimento em que está empenhado.
O contrário acontece com o boletim. Uma ou outra pessoa tomá-lo-á nas mãos, sobretudo quando o mesmo é distribuído gratuitamente. Isso acontece mais freqüentemente ainda quando, já na epígrafe, se anuncia a discussão de um tema que está na boca de todos.
Depois da leitura de alguns desses boletins, o leitor talvez seja conquistado aos novos pontos de vista ou pelo menos terá a sua atenção despertada para o novo movimento. Mesmo na hipótese mais favorável, só se conseguirá, por esse meio, um ligeiro impulso e nunca uma situação definitiva, isso só se obterá com os comícios populares.
Os comícios populares são necessários, justamente porque neles o indivíduo que se sente inclinado a tomar parte em um movimento mas receia ficar isolado, recebe, pela primeira vez, a impressão de uma coletividade maior, o que provoca, na maior parte dos espíritos, um estimulo e um encorajamento.
O mesmo homem que, nas fileiras de sua companhia ou do seu batalhão, entra na luta de todo coração, não o faria se estivesse sozinho. Na companhia sente-se como protegido, mesmo quando milhares de razões houvesse em contrário. O caráter coletivo nas grandes manifestações não só fortalece o indivíduo, como estabelece a união e concorre para a formação do espírito de classe.
O homem que se inicia em uma nova doutrina e que, na sua empresa ou na sua oficina sofre opressões, precisa de fortalecer-se pela convicção de que é um membro e um lutador dentro de uma grande coletividade. Essa impressão ele recebe apenas nas manifestações coletivas.
Quando ele sai de sua pequena oficina ou da sua grande fábrica, onde se sente infinitamente pequeno, e, pela primeira vez, entra em um comício, e aí encontra milhares e milhares de pessoas com as mesmas idéias que as suas, quando é arrastado pela força sugestiva do entusiasmo de três a quatro mil pessoas, quando o êxito visível da causa e a unanimidade de opiniões lhe dão a convicção da justeza do novo movimento e lhe despertam a dúvida sobre a verdade de suas antigas idéias, então estará sob a influência do que poderemos designar por estas palavras - sugestão das massas. A vontade, os anseios, também a força, de milhares, acumulam-se em cada pessoa.
O indivíduo que entrou para o comício vacilando, envolvido em dúvidas, dali sai firmemente fortalecido. Tornou-se membro de uma coletividade.
O movimento nacional-socialista nunca se deve esquecer disso e não se deve nunca deixar influenciar por esses patetas burgueses que sabem tudo mas nem por isso deixaram ir à ruína um grande Estado e perderam até a direção da própria classe. Eles são extraordinariamente inteligentes, sabem tudo, entendem tudo, só uma coisa eles não entenderam, isto é, não puderam impedir que o povo alemão caísse nas garras do marxismo. Nisso eles fracassaram da maneira mais deplorável. A sua presunção atual é pura ignorância. É sabido que o orgulho anda sempre de par com a estupidez.
Quando esses indivíduos se recusam a emprestar qualquer valor à palavra falada, assim agem simplesmente porque, graças a Deus, estão convencidos da ineficiência do seu palavreado oco.

CAPÍTULO XI - PROPAGANDA E ORGANIZAÇÃO

O ano de 1921 teve, em vários sentidos, para o movimento, uma importância capital, Depois da minha entrada no "Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães", tomei imediatamente conta da direção da propaganda. Eu tinha este setor, naquele momento, como o mais importante de todos. Tratava-se menos de assuntos de organização do que de propagar a idéia ao maior número possível. A propaganda devia preceder à organização, conquistando o material humano necessário a esta. Além disso, sempre fui inimigo de um trabalho de organização demasiadamente rápido e pedantesco. Daí resulta, na maioria dos casos, somente um mecanismo morto, raras vezes uma organização viva. As organizações estão em função da vida, do desenvolvimento orgânico de um povo. Idéias que conquistaram um certo número de indivíduos sempre provocarão a necessidade de uma certa disciplina, absolutamente indispensável. Mas, também aqui, se deve contar com a fraqueza humana, inclinada a opor-se, pelo menos no começo, contra uma direção superior. Na hipótese de uma organização sem vida surge imediatamente o grande perigo de aparecer um homem, apontado por todos mas ainda não inteiramente experimentado e que, talvez, de inferior capacidade, trate de impedir, dentro do movimento, a elevação de elementos mais capazes. O mal daí resultante, pode ser, especialmente em movimento novo, de conseqüências fatais.
Por essa razão é mais conveniente divulgar a idéia, pelo menos durante certo tempo, centro de um determinado núcleo, para daí selecionar o material humano em condições de dirigir o movimento. Mais de uma vez se evidenciará que, nessa seleção, não devemos julgar pelas aparências.
Seria, porém, inteiramente falso ver, em conhecimentos teóricos, provas de capacidade de direção.
O contrário acontece freqüentemente.
Um grande teórico é raramente um grande organizador, pois o valor do teórico consiste, em primeiro lugar, na noção de definição de leis abstratamente exatas, enquanto o organizador deve ser em primeiro lugar um conhecedor da psicologia popular. Deve ver os homens como eles são na realidade. Não lhes deve dar demasiada importância nem depreciá-los no meio da massa, Ao contrário, deve ter em conta a sua fraqueza como o seu aspecto instintivo, para, tomando em consideração todos os fatores, organizar uma força capaz de sustentar uma idéia e de garantir o sucesso!
Um grande teórico será raramente um líder. A um agitador e mais fácil possuir essas qualidades, apesar da oposição dos teóricos puros.
Isso é perfeitamente compreensível. Um agitador capaz de comunicar uma idéia à grande massa, precisa conhecer a psicologia do povo, mesmo que ele não seja senão um demagogo. Mesma nessa hipótese, ele será um líder mais apto do que o teórico desconhecedor da psicologia humana. Para ser chefe é preciso ter a capacidade para movimentar massas. A capacidade intelectual nada tem que ver com a capacidade de comando. Por - isso é completamente supérfluo discutir se há mais valor em criar idéias e finalidades do que em realizá-las. Aqui acontece o mesmo que em muitos outros casos: um não pode dispensar o outro. A mais bela doutrina não tem nem finalidade nem eficiência se o líder não consegue empolgar as massas. Por outro lado, de que utilidade seria a genialidade de um condutor de massas, se o teórico não indicasse as finalidades das lutas humanas? A existência, no mesmo indivíduo, do teórico, do organizador e do líder é o mais raro fenômeno deste mundo. Quando isso se dá trata-se de um gênio.
Dediquei-me, nos primeiros tempos da minha atividade partidária, à propaganda. Por essa propaganda dever-se-ia conseguir, pouco a pouco, um pequeno núcleo de indivíduos, convencidos da nova idéia, os quais formariam assim o material que, mais tarde, poderia fornecer os primeiros elementos de uma organização. Visávamos mais a propaganda do que a organização.
Quando um movimento tem como finalidade demolir uma situação existente para reconstruir, em seu lugar, um mundo novo, é preciso que os seus líderes estejam todos acordes sobre os seguintes princípios fundamentais: cada movimento deve dividir o estoque humano conquistado para a causa em dois grandes grupos: adesistas e combatentes.
O dever da propaganda é alistar adesistas, o da organização é conquistar combatentes.
Adesista de um movimento é aquele que aceita a sua finalidade, com. batente aquele que luta pela mesma.
O adesista é alistado para um movimento por meio da propaganda. O combatente é levado, pela organização, a cooperar pessoal e ativamente, paro- o alistamento de novos adesistas, dos quais então se podem recrutar novos combatentes.
Como a qualidade de adesista exige somente o reconhecimento passivo de uma idéia, e a qualidade de combatente a representação ativa e a sua defesa, entre dez adesistas encontrar-se-ão no máximo um a dois combatentes.
A qualidade de adesista baseia-se na compreensão da doutrina, a de combatente na coragem de defender e divulgar as noções adquiridas.
A doutrina pura corresponde melhor à psicologia da maioria da humanidade, comodista e covarde. Os requisitos exigidos para pioneiros do Partido correspondem à uma capacidade prática que só se encontra em raros indivíduos.
Assim sendo, a constante preocupação da propaganda deve ser no sentido de conquistar adeptos, ao passo que a organização deve cuidar escrupulosamente de selecionar, entre os adesistas, os lutadores mais eficientes. A propaganda, portanto, não necessita examinar o valor de cada um dos por ela convertidos, quanto à eficiência, capacidade, inteligência ou caráter, enquanto que a organização deve escolher cautelosamente, da massa destes elementos, os que efetivamente têm capacidade para levar o movimento à vitória.
A propaganda trata de impor uma doutrina a todo o povo; a organização aceita no seu quadro unicamente aqueles que não ameaçam se transformar em obstáculo a uma maior divulgação da idéia.
A propaganda estimula a coletividade no sentido de uma idéia, preparando-a para a vitória da mesma; a organização tem de ganhar a vitória mediante concentração dos adeptos corajosos, capazes de combater pelo triunfo comum.
A vitória de uma idéia será mais fácil quanto mais intensa for a propaganda e quanto mais exclusiva, rígida e solida for a organização que, praticamente, toma a si a realização do combate.
Daí resulta, que nunca é exagerado o número dos adeptos, enquanto que, no que diz respeito aos combatentes, não se deve cogitar de número mas de qualidade.
Quando a propaganda já conquistou uma nação inteira a uma idéia, surge o momento asado para a organização, com um punhado de homens, retirar as conseqüências práticas. Propaganda e organização, estão em função uma da outra. Quanto melhor tiver agido a propaganda tanto menor poderá ser a organização; quanto maior for o número de adesistas, tanto mais modesto pode ser o número dos combatentes e, vice-versa; quanto pior for a propaganda, tanto maior deve ser a organização e quanto mais diminuto o número de adesistas de um movimento tanto mais numeroso deve ser o número dos seus organizadores, se se quiser contar com sucesso.
O primeiro dever da propaganda consiste em conquistar adeptos para a futura organização; o primeiro dever da organização consiste em conquistar adeptos para a continuação da propaganda. O segundo dever da propaganda é a destruição do atual estado de coisas e a disseminação da nova doutrina, enquanto que o segundo dever da organização deve ser a luta pelo poder para conseguir, por esse meio, o sucesso definitivo da doutrina.
O sucesso mais decisivo de uma revolução sempre será conseguido quando a nova doutrina for divulgada peio maior número, imposta a todos depois, ao passo que a organização da idéia, isto é, o movimento, deve abranger unicamente os homens absolutamente necessários aos postos de comando.
Por outras palavras: em cada grande movimento destinado a revolucionar o mundo a propaganda primeiramente terá de divulgar a idéia do mesmo. Incessantemente terá de esclarecer as massas sobre as novas idéias, atraí-las para as suas fileiras ou, pelos menos, abalar as crenças em voga. Como, porém, a divulgação de uma idéia, isto é, a propaganda, deve ter um núcleo central de direção, será necessário uma organização sólida. A organização recruta os seus sócios do número total dos adesistas conquistados pela propaganda.
A mais alta missão da organização é, pois, tomar precauções para que não nasçam divergências íntimas, entre os adeptos do movimento, que possam originar uma desarmonia e, com isso, um enfraquecimento da causa, e para que se conserve sempre o espírito de ataque e de resolução. Não é necessário que aumente infinitamente o número de combatentes; ao contrário, como só uma pequena parte da humanidade possui um caráter enérgico e resoluto, ficaria forçosamente enfraquecido um movimento que aumentasse desproporcionadamente a sua organização central. Organizações passando além de um certo número de membros, perdem, pouco a pouco, seu poder de combate e a capacidade de apoiar a propaganda de uma idéia, de maneira resoluta.
Quanto mais forte e revolucionária for uma idéia, tanto mais eficiente devem ser os seus defensores, devendo-se dela afastar os covardes e incapazes. Às escondidas, esses quererão passar como adesistas, mas, de público, desistirão de provar a sua adesão. Assim incorporam-se à organização de uma doutrina efetivamente revolucionária somente os mais eficientes dentre os adeptos conquistados pela propaganda. É justamente na eficiência dos membros de um movimento, garantida pela sua escolha natural, que está a condição essencial para uma propaganda correspondente e para um combate bem sucedido pela realização da doutrina.
O maior perigo que pode ameaçar um movimento é um número exagerado de adeptos adquiridos em conseqüência de êxito fácil. Todos os covardes e egoístas fogem de um movimento, enquanto este tem de enfrentar lutas ásperas, ao passo que ao mesmo acorrem quando o êxito é fácil de prever ou já se realizou.
Esse é o motivo por que muitos movimentos vitoriosos fracassam antes de atingir a sua finalidade, suspendem a luta e finalmente desaparecem. Em conseqüência da vitória inicial, entram na sua organização tantos elementos maus, indignos, sobretudo covardes, que esses caracteres inferiores conseguem finalmente a preponderância sobre os lutadores enérgicos e logo forçam o movimento em favor dos seus próprios interesses, degradando o e nada fazendo para completar a vitória da idéia primitiva. Desaparece o entusiasmo fanático, anula se a força de combate ou, como em casos idênticos, se diz nos meios burgueses: "Jogue-se água no vinho". Está sacrificado o surto do movimento.
Por essa razão é indispensável que, ao menos por instinto de conservação, imediatamente se dificulte a admissão de adeptos no momento em que o sucesso se inclina para a causa e, de futuro, se alargue a organização com a máxima cautela e depois de um exame muito rigoroso, unicamente assim, o movimento se conservará, invariavelmente, sadio, na sua essência. É preciso que se tomem precauções para que seja exclusivamente o núcleo central que continue a promover o progresso do movimento, isto é, que oriente a propaganda destinada a conquistar a adesão geral e tome como detentor do poder as medidas necessárias à realização prática das suas idéias.
A organização deve recrutar do primitivo núcleo do movimento não somente os homens que devem ocupar todas as posições importantes no terreno conquistado, mas também os da direção geral, e isso deve durar até que os atuais princípios e doutrinas do partido se transformem em base do novo Estado. Só, então, poderá passar, aos poucos, o governo a ser dirigido pela nova constituição, nascida do espírito do movimento. Isso, porém, geralmente também se realiza mediante lutas recíprocas, por que não se trata de uma questão de idéias mas de jogo de forças, que, é verdade, podem ser previamente reconhecidas, mas não podem ser constantemente controladas.
Todos os grandes movimentos, quer sejam de natureza religiosa quer de natureza política, devem seus grandes sucessos exclusivamente ao conhecimento e à aplicação destes princípios. Nenhum êxito de efeitos duradouros é possível sem o respeito a essas leis.
Como chefe de propaganda do Partido, muito me esforcei, não somente por preparar o terreno para o desenvolvimento futuro da causa, mas também para assegurar, por uma compreensão exata desses princípios. que a organização - somente recebesse o melhor material humano. Quanto mais radical e incitadora era a minha propaganda, tanto mais assustava os homens débeis e as naturezas tímidas, impedindo a sua entrada no núcleo primitivo da nossa organização. Eles talvez tenham ficado adeptos da causa, mas certamente não com espírito decidido. Quantos milhares asseguravam, naquele tempo, que estariam absolutamente decididos a tudo, mas nem por isso puderam ser aceitos como membros do Partido. O movimento teria que ser tão radical que os seus adeptos poderiam ser expostos aos mais sérios perigos, de maneira que não se devia censurar um cidadão respeitável e pacifico por, ao menos por certo tempo, ficar á margem, embora de todo coração pertencesse à causa.
Foi muito bom que assim se fizesse.
Se todos os que, no íntimo, não estavam de acordo com a Revolução se tivessem filiado ao nosso partido, poderíamos ser hoje vistos como uma congregação pia, nunca, porém, como um movimento forte e pronto para o combate.
A forma agressiva que se deu, naquele tempo, à nossa propaganda consolidou e garantiu a tendência radical do novo movimento, porque, assim efetivamente, o mesmo ficou constituído, salvo raríssimas exceções, de homens radicais, capazes de assumir a responsabilidade de defensores da causa.
O efeito dessa propaganda era tal que, dentro de pouco tempo, centenas de milhares não somente concordaram conosco mas desejavam a nossa vitória, embora, pessoalmente, fossem covardes demais para fazerem o sacrifício de entrar para o Partido.
Até o meado de 1921, esta atividade unicamente no sentido da propaganda era suficiente e útil para o movimento. Acontecimentos especiais, porém, no verão daquele ano, mostraram que seria conveniente que a organização marchasse pari passu com a propaganda, cujo êxito era cada vez mais evidente.
O ensaio de um grupo de racistas de fancaria, com o apoio benévolo do primeiro presidente do Partido de então, de apoderar-se da direção do mesmo, teve como resultado o desmoronamento desta pequena intriga. Em uma assembléia geral, foi entregue a mim, unanimemente, a liderança de todo o movimento. Ao mesmo tempo, foi tomada unia nova resolução pela qual o presidente era investido de responsabilidade, e que abolia as resoluções das comissões substituindo-as por um sistema de divisão de trabalho que, desde aquele tempo, tem dado os melhores resultados.
Desde 1o. de agosto de 1921, encarreguei-me desta reorganização interna do Partido e encontrei nisso o apoio de um número de forças excelentes, cujos nomes julguei necessário mencionar em um capítulo especial.
A experiência trazida pelos resultados da propaganda deveria, quando se tratou da organização, afastar um certo número de hábitos atuais e estabelecer princípios que não existiam em nenhum dos partidos do momento.
Nos anos de 1919 e 1920, o movimento tinha, na sua direção, uma comissão eleita em assembléias de sócios, de acordo com os estatutos. A comissão compunha se de um 1.° e de um 2.° tesoureiro; um 1.° e de um 2.° secretário e como chefes um 1.° e um 2.° presidente. A isto juntaram ainda um fiscal, o chefe da propaganda e vários assistentes.
Esse comitê corporificava - o que era extremamente cômico - justamente o que o movimento devia combater do modo mais enérgico, isto é, o parlamentarismo. Era claro que se tratava de uma organização que, partindo do pequenino grupo local, e passando pelos futuros distritos, províncias, etc., até que o governo no Reich, representava o mesmíssimo sistema parlamentar, sob o qual nós todos estávamos e estamos ainda hoje sofrendo.
Era de uma necessidade urgentíssima modificar esse estado de coisas, a menos que não quiséssemos que o movimento ficasse para sempre sacrificado em conseqüência das bases falsas da sua organização interna.
As assembléias do comitê que obedeciam a um certo protocolo e nas quais eram tomadas as decisões por maioria de votos, eram na realidade um pequeno parlamento. Nelas havia ausência de qualquer responsabilidade pessoal. Como nas grandes assembléias políticas, imperavam nesses comitês os mesmos absurdos e as mesmas extravagâncias. Foram nomeados para esse comitê secretários, tesoureiros, representantes da totalidade dos membros da organização, representantes para a propaganda e para muitas outras coisas mais. Todos juntos é que deviam, porém, tomar resoluções, por meio do voto, a respeito de qualquer questão isolada. Quer isso dizer que o indivíduo que representava a seção de propaganda decidia sobre um assunto da competência do encarregado das finanças, este decidia sobre assuntos da organização, sobre detalhes que competiam aos secretários, etc.
O motivo por que se nomeava um especialista para a propaganda, quando tesoureiros, secretários, etc., deviam decidir sobre assuntos que somente eram da competência daquele, parece tão incompreensível para um cérebro normal, quão incompreensível seria se, em uma grande em presa industrial, os gerentes ou diretores de outras seções e de outros ramos decidissem sobre assuntos com os quais não tinham absolutamente nada que ver.
Não me conformei com essa loucura; muito pouco tempo depois, já não aparecia mais nessas assembléias. Fiz eu mesmo a minha propaganda, protestando sempre quando qualquer ignorante nesse assunto tratava de intrometer-se na mesma. Pelo mesmo princípio eu, também, não me intrometia nas funções alheias.
Quando, com a aprovação dos novos estatutos e com a minha nomeação para primeiro presidente, tinha adquirido a necessária autoridade e o direito de agir de acordo com a mesma, acabei imediatamente com aquela idiotice. Em lugar de resoluções de comitê, estabeleci o princípio da responsabilidade absoluta.
O primeiro presidente tem a responsabilidade da direção geral do movimento. Ele divide o trabalho a fazer tanto entre os membros do comitê a ele subordinado como entre os demais colaboradores porventura necessários. Cada um destes senhores fica inteiramente responsável pelos deveres de que são incumbidos. Estão subordinados apenas ao primeiro presidente que tem de cuidar da cooperação de todos e de tornar esta cooperação eficiente, a começar pela escolha das personalidades e pela indicação das diretrizes gerais.
Esse princípio da responsabilidade tornou-se pouco a pouco natural destro do movimento, pelo menos quanto à direção do Partido. Nos pequenos grupos locais e talvez também nos distritos serão precisos anos para fazer vingar esses princípios, porque espíritos tímidos e incapazes sempre se oporão aos mesmos. Para esses sempre será desagradável a responsabilidade pessoal em qualquer empreendimento, sentem-se melhor e mais livres se tiverem, em qualquer decisão difícil, o apoio da maioria de um comitê. Parece, porém, necessário enfrentar, com todo rigor, tais tendências, não fazer concessões à covardia ante a responsabilidade e conseguir assim, embora depois de muito tempo, uma compreensão do dever de chefe que permita surgirem, para a posição de lideres, justamente os mais competentes, os predestinados.
Em. qualquer hipótese, um movimento que se propõe fazer guerra à loucura parlamentar deve ele mesmo evitar o mal que combate, somente sobre uma tal base pode adquirir a força para a sua luta.
Um movimento que, em pleno domínio da maioria, baseia-se em tudo no princípio da autoridade do chefe e na responsabilidade daí resultante, com segurança matemática, há de aniquilar, algum dia, o atual estado de coisas e sair vencedor.
Esse princípio deu lugar, no seio do movimento, a uma completa reorganização do mesmo, e, no seu resultado lógico, uma separação muito rigorosa entre as funções partidárias do movimento e as funções da direção política geral. A idéia da responsabilidade foi adotada também para todas as funções partidárias e trouxe, como era de esperar,. em idêntica proporção, um saneamento das mesmas, libertando-as de quaisquer influências políticas e limitando-as a pontos de vista puramente econômicos.
Quando, no outono de 1919, entrei para o Partido, então composto de seis membros, este não tinha nem um escritório nem um empregado; nem mesmo formulários, carimbos, impressos, existiam, o local para as reuniões do comitê era, a princípio, um restaurante na Herrengasse e mais tarde um café em Casteig. Isso era uma situação intolerável. Pouco tempo depois pus-me a visitar um grande número de cervejarias e restaurantes de Munique, com a intenção de poder alugar um quarto separado ou qualquer outro local para o partido. No antigo Sterneckerbrãu da rua Tal encontrei um pequeno lugar, um sótão que, antigamente, serviu aos conselheiros de Estado da Baviera como uma espécie de taberna. Era sombrio e escuro e tão próprio para seu anterior destino quão impróprio para os novos objetivos o beco para o qual dava sua única janela era tão estreito que, mesmo nos dias mais claros de verão, o quarto era escuro. Este foi o nosso primeiro escritório. Como, porém, o aluguel era apenas de cinqüenta marcos por mês (para nós naquele tempo era uma soma enorme), não podíamos alimentar grandes pretensões nem nos podíamos queixar.
Mesmo assim, isso já significava um grande progresso. Pouco a pouco fomos melhorando a instalação. Primeiro instalamos luz elétrica, depois um telefone; levamos para dentro uma mesa com algumas cadeiras emprestadas, finalmente uma prateleira, um pouco mais tarde um armário; dois balcões pertencentes ao dono da casa deviam servir para guardar folhetos, cartazes, etc.
A direção do movimento, por meio de uma assembléia do comitê, uma vez por semana, era impossível ser conservada por muito tempo. Só um empregado, pago pelo movimento, poderia garantir um andamento contínuo dos negócios.
Isso era muito difícil naquele tempo. Contávamos ainda com um número tão diminuto de adeptos, que- foi preciso uma habilidade especial para encontrar entre eles o homem para o momento, que se contentasse com pouco e pudesse satisfazer às múltiplas exigências do movimento.
Era um soldado, antigo camarada meu, de nome Schüssler. Encontrávamos, após busca prolongada, o primeiro diretor econômico do partido. No princípio, ele, diariamente, entre 18 e 20 horas, comparecia ao nosso escritório, mais tarde entre 17 e 20 horas, e, pouco tempo depois, nosso secretário exclusivo, ocupando-se, desde a manhã até alta noite, com os seus trabalhos. Era um homem tão ativo como reto, absolutamente honesto; trabalhava em todos os sentidos e era um fiel partidário Schüssler trouxe consigo uma pequena máquina de escrever "Adler", de sua propriedade. Era a primeira máquina para o serviço do nosso movimento. Mais tarde essa máquina foi comprada a prestação. Uma pequena caixa forte parecia ser necessária para evitar o furto do fichário e dos livros dos membros do Partido. Esta compra não foi feita, pois, para depositar as grandes somas de dinheiro, que, naquele tempo. pudéssemos ter. Ao contrário, tudo era infinitamente pobre, e, muitas vezes, sacrifiquei parte das minhas pequenas economias.
Um ano e meio mais tarde, o escritório era pequeno demais e mudávamo-nos para um outro local na Corneliusstrasse. Mais uma vez era para um restaurante que nos mudávamos, mas agora já não tinham somente um quarto, e sim três. Naquele tempo essas instalações nos pareciam enormes. Nesse local permanecemos até novembro de 1923.
Em dezembro de 1920, foi comprado o Võlkische Beobachter. Este diário, que defendia, como já indicava o seu nome, interesses populares e geral, devia agora ser transformado em órgão do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. No princípio era publicado duas vezes por semana, no começo de 1923 diariamente, e, em fins de agosto 1923, foi publicado no formato grande que conservou daí por diante.
Naquele tempo, sem a mínima experiência em matéria de imprensa tive que fazer uma aprendizagem que me custou muito sacrifício.
Era de fazer cismar o fato de, ao lado da poderosa imprensa judaica só existir um único jornal popular de real importância. O motivo deste fato, como depois pessoalmente verifiquei, inúmeras vezes na prática residia na organização comercial pouco hábil das denominadas empresas populares. Na sua direção dava-se mais importância ao lado intelectual do que ao prático. Esse ponto de vista é completamente falso, pois a idéia tem a sua maior expressão na realização. Aquele que está efetivamente criando para sua nação coisas de valor, está provando com isso possuir uma idéia de valor idêntico, enquanto outro que apenas finge defender uma idéia sem entretanto executar serviços úteis para a nação, está sendo funesto a qualquer ideal real. Ele está pesando sobre a comunidade com sua idéia.
Também o "Völkisher Beobachter" era, como o seu título indica, um órgão "popular", com todas as vantagens e, sobretudo, todos os defeitos fraquezas inerentes a todas as instituições populares. Embora fosse. excelente sua matéria, a sua direção comercial era inviável. Era da opinião que os jornais populares deviam ser mantidos por subscrições populares em lugar de entrarem na concorrência com os demais. Não se compreendia que era uma indecência querer cobrir os erros da direção comercial da empresa com os donativos de patriotas bem intencionados.
Tratei de remediar esta situação, cujo perigo logo compreendi. F para mim uma felicidade o ter encontrado o homem, o qual, desde aquele tempo, não somente como diretor econômico do jornal mas também como diretor econômico do Partido, prestou serviços inestimáveis à causa. No ano de 1914, no front, cheguei a conhecer (naquele tempo como meu superior) o homem que é hoje, diretor econômico do Partido - Max Amann. Durante os quatro anos da Guerra, tive a oportunidade de quase diariamente observar a extraordinária capacidade, a diligência e os grandes escrúpulos do meu futuro cooperador. No verão de 1921, quando o movimento passava por uma forte crise, quando eu já não estava contente com um grande número de empregados e até tinha tido com um deles desagradável experiência, dirigi-me a meu antigo camarada de regimento, que um dia casualmente encontrei, rogando-lhe que se encarregasse da direção 'econômica do movimento. Depois de longa hesitação, pois Amann tinha um emprego promissor, consentiu finalmente em aceitar o cargo com a condição formal de que nunca. ficaria à mercê de quaisquer comitês de ignorantes e de que reconheceria exclusivamente um chefe. Ao inesquecível merecimento deste primeiro diretor do movimento, de uma educação comercial efetivamente completa, deve se o ter sido possível introduzir a ordem nas finanças do Partido. Desde aquele tempo, a direção tornou se modelar, incomparavelmente melhor do que a de qualquer das sub-organizações. Como, porém, sempre na vida, a capacidade, não raras vezes, é a causa da inveja e do ciúme, isso devia-se naturalmente esperar também neste caso.
Já no ano de 1922, existiam certas diretrizes para guiar o movimento, tanto no sentido econômico como no que diz respeito propriamente à organização. Já existia um fichário central completo, que abrangia todos os membros do movimento. Do mesmo modo estavam as finanças orientadas firmemente. Despesas normais deviam ser cobertas por entradas normais, entradas extraordinárias eram empregadas para satisfazer a despesas extraordinárias. Apesar dos maus tempos, podia-se manter o movimento. Trabalhava-se como em uma empresa particular: o pessoal devia distinguir-se pela sua competência e de nenhum modo somente pelo critério da célebre "convicção" partidária. A "convicção" de cada nacional socialista prova-se. em primeiro lugar, pela sua boa vontade, pela sua atividade e capacidade para o cumprimento do trabalho que lhe foi confiado pela coletividade. Quem não cumpre o seu dever, não se deve vangloriar de uma idéia contra a qual ele próprio, na realidade, está protestando. O novo diretor econômico do Partido defendia, com toda energia, contra quaisquer influências, o ponto de vista, segundo o qual funções partidárias não se devem transformar em sinecuras para membros ou sócios pouco dispostos ao trabalho. Um movimento que luta de forma tão áspera contra a corrupção partidária do nosso atual aparelho administrativo deve conservar sua própria organização limpa de semelhantes vícios. Aconteceu que foram admitidos na administração do jornal elementos que, quanto a suas "convicções", tinham pertencido ao Partido Popular Bávaro, que, porém, pelos seus trabalhos, deviam ser qualificados como de primeira classe. O resultado desta experiência foi excelente. Justamente por este leal e franco reconhecimento da capacidade de cada um, o movimento conquistou os corações destes empregados mais rapidamente do que dantes. Tornaram se mais tarde bons nacionais-socialistas, não somente em palavras, mas pelo trabalho consciencioso e leal que executaram a serviço do novo movimento. É claro que, em igualdade de condições, dava-se preferência ao partidário. Ninguém, porém, era empregado só por ser membro do partido. A energia com que o novo diretor econômico defendia este princípio fundamental, pondo o em prática contra quaisquer resistências, produziu, no futuro, as maiores vantagens para o movimento. Somente assim foi possível que, nos tempos difíceis da inflação monetária, quando dezenas de milhares de empresas faliram e milhares de jornais deviam fechar as portas, não somente a direção do movimento pode ser conservada e cumprir seus deveres, mas a feitura do Völkische Beobachter cada vez mais se aperfeiçoava. Era classificado, naquele tempo, entre os grandes jornais.
O ano de 1921, teve, além disso, outra significação. Consegui lentamente, como presidente do Partido, subtrair também as diferentes formações do mesmo da crítica e das contradições de tantos membros de comitês. Isso foi importante porque não se pode conquistar para qualquer trabalho uma cabeça realmente capaz, quando, continuamente, os ignorantes se metem em tudo, de tudo dizem entender e, em verdade, provocam apenas a pior confusão, para depois se retirarem silenciosamente à procura de outro campo para a sua atividade "fiscalizadora" e "inspiradora" Havia gente possuída de uma verdadeira idéia fixa de procurar intrometer se em tudo, eternamente prenhe de planos excelentes, idéias, projetos, métodos, etc. Seu mais alto ideal era, na maioria dos casos, formar um comitê que, como órgão fiscalizador, deveria imiscuir se, como perito, no trabalho correto dos outros. Quão prejudicial e pouco conforme ao nacional socialismo era que a gente que nada sabe de uma determinada coisa estivesse continuamente contrariando homens realmente competentes, nunca entrou na consciência daqueles entusiastas de comitês. Julguei meu dever defender, naqueles tempos, todas as forças eficientes do movimento, sobre as quais recaíam todas as responsabilidades, contra semelhantes elementos, de garantir-lhes o necessário apoio e um campo de atividade em que pudessem, continuar a trabalhar.
O melhor meio de tornar inofensivos esses comitês que nada faziam ou somente amontoavam resoluções impraticáveis, era distribuir-lhes um trabalho verdadeiro. Era cômico o constatar-se como tal comitê desaparecia, como por encanto, não sendo mais encontrado em parte alguma. Lembrava-me, naquelas ocasiões, da mais imponente das instituições desse- gênero do Reichstag. Como rapidamente desapareciam repentinamente todos, quando se lhes confiava, em lugar das discurseiras de costume, um verdadeiro trabalho, isto é, um trabalho que cada um destes tagarelas pessoalmente teria de executar com responsabilidade própria.
Já naquele tempo exigi que, como na vida particular, também a respeito do movimento, se deveria buscar, dentro dos diferentes setores, o empregado, administrador ou gerente evidentemente capaz e honesto. Depois disso, dever-se-ia conferir-lhe a autoridade e a liberdade de ação incondicionais a respeito dos seus subordinados, e, ao mesmo tempo, exigir deles responsabilidade ilimitada para com os seus superiores. Ninguém pode ter autoridade sobre subordinados sem pessoalmente conhecer o trabalho em questão. No curso de dois anos, logrei cada vez maior êxito com essa prática, hoje aceita como natural no nosso movimento, pelo menos no que diz respeito à suprema direção.
O êxito desta atitude tornou-se evidente no dia 9 de novembro de 1923. Quando, quatro anos antes, entrei para o movimento, não existia um simples carimbo. No dia 9 de novembro de 1923, foi dissolvido o Partido e confiscada sua fortuna. Esta montava, incluindo todos os objetos de valor e o jornal, em mais de cento e setenta mil marcos ouro.

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