24/07/2008
HAVANA (Reuters) - Cuba não precisa se explicar nem "pedir perdão" pelos rumores surgidos nesta semana na imprensa russa de que Moscou usaria a ilha comunista como base de reabastecimento para aviões militares, disse o dirigente Fidel Castro na quarta-feira.
Em artigo publicado no site www.cubadebate.cu, o ex-presidente não esclareceu se os rumores são verdadeiros ou falsos. "Raúl (Castro, atual presidente e irmão de Fidel) fez muito bem em manter um silêncio digno", escreveu Fidel, de 81 anos, que costuma publicar textos opinativos desde que deixou o poder, por motivos de saúde.
"Não é preciso dar explicações nem pedir desculpas ou perdão", acrescentou o veterano revolucionário.
Citando "uma fonte altamente posicionada", o jornal russo Izvestia disse nesta semana que a Rússia pode levar para Cuba seus bombardeiros supersônicos Tu-160 (os "Cisnes Brancos", com capacidade para transportar ogivas nucleares), em reação à eventual instalação de um escudo antimísseis dos EUA no Leste Europeu.
Na terça-feira. o brigadeiro norte-americano Norton Schwartz disse ao Senado dos EUA que a hipótese de reabastecimento dos bombardeiros russos em Cuba "indica que é algo que cruza um limite, cruza uma linha vermelha para os Estados Unidos da América".
As autoridades russas desmentiram a informação do Izvestia, mas o caso reavivou as lembranças da Crise dos Mísseis, em 1962, quando EUA e União Soviética estiveram à beira da Terceira Guerra Mundial devido à instalação de mísseis soviéticos na ilha, que fica a menos de 150 quilômetros da Flórida.
O então dirigente soviético, Nikita Khurschov, aceitou retirar os mísseis de Cuba depois que o governo de John Kennedy se comprometeu a nunca invadir Cuba e a tirar seus mísseis da Turquia.
Fidel disse que as declarações do brigadeiro Schwartz, que foi indicado para comandar a Força Aérea, são um exemplo da "estratégia maquiavélica que o império aplica a Cuba". "Se você disser que sim, eu te mato. Se disser que não, dá na mesma, te mato do mesmo jeito", escreveu ele.
Líder da revolução de 1959, que viria a instalar o comunismo em Cuba, Fidel governou o país até julho de 2006, quando se afastou devido a uma cirurgia intestinal e não foi mais visto em público. Em fevereiro desde ano, foi definitivamente substituído por Raúl na Presidência, mas mantém grande influência na estrutura do Partido Comunista e na sociedade como um todo, por intermédio dos seus artigos.
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/07/24/cuba_nao_deve_explicacao_sobre_eventual_base_russa_diz_fidel-547389824.asp
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