Ivã IV (em russo: Иван IV Васильевич Грозный, Ivan Vassiliévitch Grozny, 25 de Agosto de 1530, Moscou – 18 de Março de 1584, Moscou), grão-duque de Moscou desde os três anos de idade, foi o primeiro governante a utilizar o título de czar (césar, ou imperador) de todas as Rússias. Na tradição russa, é conhecido como Ива́н Гро́зный (Ivan Grozny), geralmente traduzido como Ivã, o Terrível.
Ivã estendeu o seu domínio para o oriente, anexando em 1552 o Canato de Kazan e em 1556 o Canato de Astrakhan, para absorver a Sibéria. Estabeleceu relações comerciais com o Ocidente.
No entanto, a sua capacidade para uma boa governação ficou manchada pela excessiva crueldade. A sua polícia secreta, os Oprichniks, torturou e assassinou todos os suspeitos de traição, como o povo de Novgorod, acusado de rebelião.
Ivã teve sete mulheres, uma das quais morreu em circunstâncias suspeitas. Num acesso de raiva Ivan matou acidentalmente o filho mais velho, que era tão cruel como ele, e passou o resto da vida imerso em remorsos, misturados com actos de crueldade e violência. Em meio ao seu governo, os tártaros da Criméia saquearam Moscou em 1571, apesar de tê-los vencido no ano seguinte na Batalha de Molodi. Morreu louco, em 1584.
O comportamento de Ivã IV pode ser explicado pela sua conturbada infância. Filho do grão-duque Vassili III de Moscou, ficou órfão aos oito anos de idade. Praticamente um refém dentro do próprio Kremlin, assistiu às brigas intermináveis entre as diversas facções dos boiardos. Era incentivado a assistir a sessões de tortura e execuções pelos nobres, que mantinham seus feudos independentes e tomavam o comércio como ponto principal de seus interesses, não unificando a Rússia. Assustado durante todo esse período, Ivan passou a ler cada vez mais a Bíblia, especialmente o Velho Testamento, firmando-se como um obcecado cristão ortodoxo.
Embora os boiardos acreditassem que tudo poderiam fazer, para surpresa geral, subitamente o menino Ivã manda que prendam o principal líder boiardo, o Princípe Chuiski, que é executado. Pouco após, anuncia sua coroação como czar. Os próprios nobres e o restante da Europa duvidavam da sua capacidade em fazê-lo, pois o título de arquiduque não lhe garantia o trono. Mas ele insistiu e se auto-coroou. Talvez o receio tenha sido o de que aquele poderia ser um velho sonho, o da unificação.
Tão logo foi coroado czar, anunciou a expropriação de bens de boiardos e da Igreja, clamando a si próprio o poder religioso. Logo criou uma tropa de elite, um exército profissional, os Streltsky, que ganharia cada vez mais poder próprio até sua extinção com a ascensão do czar Pedro, o Grande.
Após a conquista de Kazan, interpretada como vitória religiosa também, pois a cidade era muçulmana, e com a morte da primeira esposa, Anastasia Romanovna, aos 27 anos, recolhe-se a um mosteiro e volta a Moscou apenas atendendo ao chamamento de representantes dos nobres e da população - que, segundo uma interpretação corrente, prefeririam um tirano ao caos. Forma uma guarda pessoal, os Oprichnicky, que se vestiam de preto e cavalgavam animais também pretos, sendo a maioria deles constituída por criminosos que juraram lealdade eterna ao czar e com ele cometeram terríveis ações.
Ivã IV foi um homem cruel e provavelmente insano mentalmente, mas conseguiu unificar a Rússia, antes dividida em principados independentes. Criou uma força militar própria e conquistou terras até a Sibéria, expandindo o território russo até adquirir praticamente os seus contornos atuais. Também se tornou um autocrata, o primeiro de uma série, mas por ter ferido à morte seu filho mais velho e pela misteriosa morte do czarevich Dmitri, não deixou linhagem.
Curiosamente, a morte do pequeno Dmitri acabou por ser atribuída a Boris Godunov, que se tornou czar por algum tempo, e ao monge Grigory Otripiev, que deixou a Rússia e conquistou a simpatia dos poloneses, declarando-se o verdadeiro czarevich. O falso czarevich, com o apoio do exército polonês e pela confusão reinante na Rússia após a morte de Godunov, chegou mesmo a governar por um breve período no Kremlin, sendo substituído à força por um descendente dos Chuikis.
Oprichniks
Um Oprichnik (опричник) (Oprichniki no plural) era um membro de uma organização estabelecida pelo Tsar Ivan, o Terrível para governar a divisão da Rússia conhecida como a Oprichnina (1565-1572.) Alguns eruditos pensam que foi a esposa de Ivan, Maria Temrjukovna que deu primeiramente ao Tsar a idéia de dar forma a organização.
O Oprichniki era responsável pela tortura e o assassinato de inimigos internos do Tsar. Notórios pelos seus meios violentos, poderiam ser comparados aos “esquadrões da morte modernos” ou mesmo à polícia secreta. O Oprichniki mais odiado foi Malyuta Skuratov.
História
O seu principal símbolo era a cabeça de cachorro que levavam pendurados na parte da frente do cavalo, símbolo da sua lealdade, e a vassoura, que simbolizava a limpeza dos inimigos do czar. Foram chamados às vezes os cães do “Tsar” por causa de sua lealdade a ele. Vestiram-se com roupas pretas, similares a um hábito monástico, disfarçando-se de ordem religiosa.
O Oprichniki usava métodos diferenciados de tortura, que incluem amarrar cada membro da pessoa a um cavalo diferente e que correm nos sentidos opostos ou jogar uma pessoa em uma banheira de água fervente. Empalariam vítimas, ou mesmo amarram a vítima e queimariam-na em locais abertos.
Quando Ivan se declarou a “Mão do Deus”, 300 dos Oprichniks foram selecionados para ser sua “Fraternidade Pessoal” e passaram a viver dentro do castelo de Ivan. Cada noite, três Oprichnik “monges” ouviriam um sermão dado por Ivan, antes das execuções da manhã. O Oprichniki conduziria um estilo de vida externamente ascético, como as monges, mas haveria muitas manifestações de crueldade e de devassidão.
No Massacre de Novgorod, os Oprichniks massacraram em torno de 1500 nobres.
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