23/08/2008
Um grupo de 300 caciques com cocares e caras pintadas, líderes de quase 50 mil índios da etnia guarani-caiová, reivindicaram hoje a intervenção da ONU (Organização das Nações Unidas) nas questões indígenas de Mato Grosso do Sul. Eles entregaram uma carta ao índio norte-americano e relator especial da organização internacional, James Anaya, que iniciou neste sábado uma série de visitas às aldeias da região sul do estado.
O documento foi entregue pelo cacique da Aldeia Jaguapiru, situada na Reserva Indígena de Dourados, Getúlio de Oliveira, denunciando "a invasão silenciosa e crescente da reserva que possui 3.500 hectares de área divididos entre 13 mil caiovás". A falta de espaço, segundo Getúlio de Oliveira, está trazendo sérias conseqüências, devido a influência dos não índios sobre a tribo local, principalmente o alcoolismo.
"Tivemos neste ano, 60 assassinatos, 24 suicídios, e pelo menos 80 ocorrências policiais envolvendo diretamente indígenas. São estupros, assalto a mão armada, brigas e até tráfico de drogas. Não há política pública para dar jeito nessa situação de horror, tampouco força policial, porque a questão toda está presa ao disciplinamento na distribuição de terras para os índios e a demarcação de novas áreas no Estado", reclamou Oliveira.
Para o líder da aldeia Bororó, localizada também na reserva de Dourados, Eduardo Nunes, "terra de índios tem que ser somente de índios. Nossas aldeias estão sendo ocupadas por brancos, negros, paraguaios e até mestiços orientais". José Nunes, outro líder indígena, explicou que a apresentação dos problemas ao enviado da ONU ao Brasil "é para mostrar que estamos vivendo dias terríveis, e pedir a intervenção internacional para que a demarcação prometida pelo presidente Lula, realmente aconteça".
Anaya é índio do Arizona e foi nomeado relator especial da ONU para os Direitos Humanos e as Liberdades Fundamentais dos Povos Indígenas em março deste ano. Ele explicou para a platéia de caciques caiovás que veio conhecer de perto o trabalho da Funai, organizado para iniciar a demarcação de 3,5 milhões de hectares de terras indígenas em Mato Grosso do Sul, e ver a situação das aldeias Jaguapiru e Bororó, pessoalmente. Ele disse que até dezembro deste ano entregará um relatório sobre o que viu no Brasil para a presidência da ONU.
http://www.atarde.com.br/brasil/noticia.jsf?id=942016
Caciques pedem intervenção da ONU
24 de agosto de 2008
Um grupo de cerca de 300 caciques, com cocares e caras pintadas, representando quase 50 mil índios da etnia guarani-caiová, reivindicaram ontem a intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU) nas questões indígenas de Mato Grosso do Sul. Eles entregaram uma carta ao relator especial da entidade para os Direitos e Liberdade dos Povos Indígenas, James Anaya, que iniciou ontem uma série de visitas as aldeias da região sul do Estado.
O documento foi entregue pelo cacique Getúlio de Oliveira, da Aldeia Jaguapiru, na Reserva Indígena de Dourados. Ele denuncia "a invasão silenciosa e crescente da reserva, que possui 3.500 hectares de área divididos entre 13 mil caiovás". A falta de espaço destinado aos índios e as influências externas, diz Oliveira, estão trazendo sérias conseqüências sobre a tribo local, principalmente o alcoolismo.
"Tivemos neste ano 60 assassinatos, 24 suicídios e pelo menos 80 ocorrências policiais envolvendo diretamente indígenas. São estupros, assalto a mão armada, brigas e até tráfico de drogas", exemplificou o líder. Não há política pública para dar jeito nessa situação de horror, tampouco força policial, porque a questão toda está presa ao disciplinamento na distribuição de terras para os índios e a demarcação de novas áreas no Estado", acrescentou.
Para Eduardo Nunes, da aldeia Bororó, também na Reserva de Dourados, "terra de índios tem de ser somente de índios". E acrescentou: "Nossas aldeias estão sendo ocupadas por brancos, negros, paraguaios e até mestiços orientais."
José Nunes, outro líder indígena, explicou que a apresentação dos problemas ao enviado da Organização das Nações Unidas ao Brasil serve para mostrar que os índios vivem "dias terríveis" e pedir a intervenção "para que a demarcação prometida pelo presidente Lula realmente aconteça".
Anaya é índio do Arizona e foi nomeado relator especial da ONU para os Direitos Humanos e Liberdade dos Povos Indígenas, em março deste ano. Um de seus principais objetivos do Brasil é acompanhar a situação da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá nos próximos dias se vai manter a demarcação contínua - como é hoje, com a conseqüente retirada dos rizicultores ou estabelecerá a demarcação por "ilhas", mantendo os núcleos não-índios.
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=325279
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