sábado, 14 de junho de 2008

Adesão da Venezuela acelera acordo entre Mercosul e Israel

Quinta-feira, 29 novembro de 2007

‘Ficaria mais difícil se Caracas participasse do processo’, disse um diplomata

Jamil Chade

Numa iniciativa que pode ter importante impacto político na relação entre a Venezuela e os demais países do Mercosul, o bloco tenta concluir hoje em Genebra um acordo comercial com Israel. Fontes em Tel-Aviv confirmaram ao Estado que o processo negociador foi acelerado para permitir um acordo antes da entrada da Venezuela no bloco. A preocupação em relação aos venezuelanos foi comunicada aos negociadores brasileiros na terça-feira por diplomatas de Israel.

“Ficaria mais difícil se Caracas tivesse um papel no processo”, confirmou um diplomata israelense. Nos últimos meses, o presidente Hugo Chávez tem feito declarações cada vez mais hostis contra Israel e vem se aproximando do Irã. Funcionários do Uruguai, país que organiza o encontro em Genebra, também confirmaram à reportagem que a “questão venezuelana” fazia parte dos debates.

O comportamento de Israel, para alguns observadores, é uma demonstração dos problemas que o Mercosul poderá ter para fechar acordo com países que se sentem desconfortáveis com as declarações de Chávez.

Não por acaso, o governo de Israel insiste que um acordo está próximo. “Se não tivermos nenhuma surpresa, teremos um acordo nesta quinta-feira”, afirmou o embaixador de Israel em Genebra, Itzhak Levanon, que ontem já trabalhava em um comunicado comemorando o entendimento.

“Esse acordo será simbólico e será um marco nas relações entre a América do Sul e Israel. Vai mostrar que o futuro nos reserva relações muito boas entre o continente e Israel“, afirmou Levanon, insinuando que a posição de Caracas sobre seu país não era unânime no continente sul-americano.

Israel quer usar até mesmo a data para dar sua mensagem. Se fechado hoje, o acordo ocorrerá exatamente no 60º aniversário da votação na Assembléia-Geral da ONU que, em 1947, criou o Estado de Israel. “Naquele dia, a América do Sul toda nos apoiava”, afirmou, lembrando que a sessão foi presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha.

CAUTELA

Apesar do entusiasmo de Israel, o Brasil adotava ontem uma atitude cautelosa, mesmo admitindo que o processo estava em seus momentos finais. “O acordo pode ser fechado. Mas vamos esperar”, disse Evandro Didonet, negociador-chefe da delegação brasileira. Se fechado, será o primeiro acordo de livre comércio fora da América Latina em 16 anos do Mercosul. O comércio do Brasil com o país soma apenas US$ 700 milhões por ano, com superávit para Israel. O Brasil, que exporta US$ 300 milhões ao país por ano, já teria garantido um maior acesso à carne, mas uma lista de produtos sensíveis será estabelecida na área agrícola.

http://www.estado.com.br/editorias/2007/11/29/eco-1.93.4.20071129.18.1.xml

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