Plantão Publicada em 09/06/2008 às 09h46m
Fantástico, O Globo Online
SÃO PAULO - O sargento Laci Marinho de Araújo, 36 anos, preso na semana passada pelo Exército e acusado de deserção, por ter faltado oito dias consecutivos ao trabalho, afirmou em entrevista ao "Fantástico" que foi transformado no inimigo número 1 da corporação. Ele conversou por telefone, na sexta-feira, e está no batalhão de polícia do Exército. Quando foi levado de São Paulo para Brasília, na quinta-feira, havia sido encaminhado ao Hospital Geral.
Fantástico: Onde você está agora?
Araújo: Eu estou no batalhão de polícia do Exército. Mas eu temo, viu?
Fantástico: Teme? Você tem medo de quê?
Araújo: Eu tenho medo. Eu temo pela minha vida. Porque a instituição me tornou o inimigo número um.
Fantástico: Mas você sofreu algum tipo de ameaça?
Araújo: Várias.
Fantástico: Que tipo de ameaça?
Araújo: Não tem como falar agora. Estão faltando 20 segundos. Não tem como falar agora.
Fantástico: Está certo.
Araújo: Porque eu estou rodeado aqui.
Araújo foi preso em São Paulo após dar entrevista ao programa de Luciana Gimenez, na Rede TV. A Polícia do Exército cercou o prédio da emissora. Na revista Época da semana passada, ele havia revelado o relacionamento homnossexual mantido desde 1997 com o também sargento Fernando de Alcântara Figueiredo, 34 anos.
Figueiredo é 2º sargento do Exército brasileiro, especialista em combates arriscados.
- Eu me considero um cara extremamente operacional. Eu fiz um curso para atuar em ambientes inóspitos - contou.
Os dois são militares de carreira que já serviram até no batalhão da Guarda Presidencial. Passaram a ficar sob os holofotes após revelar a homossexualidade.
- Eu sinto amor por ele. Porque eu acho que o amor transcende. O amor não tem sexualidade - diz Fernando.
É o primeiro caso assumido de um casal gay na história das Forças Armadas do Brasil. O Exército tem se pronunciado por meio de notas, na qual afirma que o motivo da prisão de Araújo é a deserção. Araújo afirma que sofre de problemas de saúde e que o Exército não aceitou os atestados médicos. Uma das notas distribuídas pelo Exércio na semana passada dizia que Figueiredo também "responderia administrativamente" por ter faltado ao trabalho.
O Código Penal Militar prevê até dois anos de prisão para o crime de deserção. Os dois sargentos acreditam, porém, que a prisão foi uma reação de preconceito contra os homossexuais.
- O que aconteceu foi, muito naturalmente, essa descoberta da sexualidade da gente após o ingresso na força. Nós tomamos por conduta preservar isso aí. Não só pela aceitação, que a gente sabe que não seria muito bem aceito na instituição, mas porque é uma coisa muito íntima da gente. A gente levou essa situação o máximo que a gente pôde para que isso não fosse exposto. Mas como as perseguições ficaram uma coisa muito contundentes ultimamente, não tinha mais o que se esconder - diz Figueiredo.
Segundo Figueiredo, Araújo começou a ficar doente em 2006, com suspeita de esclerose múltipla, uma doença grave e degenerativa, e entrou em depressão profunda. A postura dos superiores, diz ele, foi de desconfiança.
- Trataram com descaso, como se ele realmente estivesse forjando uma situação para se beneficiar de um possível afastamento da instituição.
A gota d'água teria sido uma outra atividade do sargento Araújo, que passou a integrar uma banda de pop rock que se apresentava com um show intitulado 'Eu queria ser Cássia Eller'.
- A voz dele é extremamente parecida com a da Cássia. E ele estava fazendo um certo sucesso local e isso incomodava as autoridades militares, que não viam isso com bom grado. Isso acabou gerando uma animosidade dentro da instituição. As pessoas começaram a ter um certo desagrado com a presença dele e o taxaram de sargento Cássia Eller - conta Fernando.
A prisão de Araújo foi pedida pela procuradora da Justiça Militar Cláudia Lamas. Ela apresentou um vídeo feito em fevereiro, em que o sargento aparece chegando de viagem, no Aeroporto de Brasília, durante um período de licença médica.
- Ele se recusou a entrar na ambulância com a equipe própria para transportes de pacientes em estado grave e não se submeteu jamais a qualquer exame que pudesse levar a um diagnóstico da doença que ele diz possuir - argumenta a procuradora.
Para ela, o Exército não discrimina ninguém.
- Cada um pode ter a sua opção. O Exército aceita isso. A questão da opção sexual, sim - afirma.
O Código Penal Militar, de 1969, pune o crime de pederastia cometido dentro de uma unidade militar, com até um ano de prisão. O texto define o delito: qualquer ato libidinoso, homossexual ou não. A palavra heterossexual não aparece na lei.
- O legislador, na época, poderia ter optado por colocar: heterossexual ou não. O legislador, não sei por que razão, colocou: homossexual ou não. Então, quer dizer, não há nenhuma predisposição da Justiça Militar - justifica Cláudia Lamas.
Figueiredo afirmou que não acredita na total isenção dos membros do Ministério Público Militar e acusa também oficiais de sua unidade, o Hospital Geral do Exército, de fraude em licitações. Ele conseguiu, na Justiça Federal, uma liminar para impedir a transferência dele e de Araújo para cidades diferentes, que o Exército já tinha determinado.
Figueiredo diz que enviou ao Ministério Público a gravação de uma conversa em que um general pode ser ouvido fazendo ameaças e declarações homofóbicas.
- Ele expôs que iria promover uma transferência, uma movimentação para a gente. Ia separar o casal. É mais ou menos assim que ele fala nas gravações. 'Vou mandar um pro Rio Grande do Sul e o outro, para o Rio de Janeiro, para morar numa favela qualquer - conta.
Para ele, seus superiores não querem enfrentar o fato de que existe, no Exército, todo tipo de orientação sexual.
- Eu posso falar, porque eu não vou citar nomes, mas já fui assediado do soldado mais novo da corporação, um recruta, até oficial general. Isso aí é uma coisa comum que acontece - diz o sargento, que pretende abandonar o Exército.
http://oglobo.globo.com/sp/mat/2008/06/09/sargento_gay_diz_que_foi_transformado_em_inimigo_numero_1_do_exercito-546715057.asp
Comentário: Lugar de homossexual não é no exército, pois efeminados e hedonistas não dão bom soldados, além dos gays serem escandalosos e indisciplinados. O exército é uma instituição que prima pela boa moral e os bons costumes, coisa que gay não tem. Por isso sou a favor da expulsão de todos os gays do exército.
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